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Enviada em: 24/07/2018

"Mente sã em um corpo são" era, segundo os romanos antigos, tudo aquilo pelo qual o homem deveria ansiar. Ainda hoje, contudo, a efetivação de tal bem-estar por meio de políticas públicas encontra obstáculos calcados em frágil planejamento e escassa informação. Assim, urge explicitar os âmbitos sistemáticos e comportamentais que fomentam a desestrutura hodierna, de modo que, superando-os, seja possível alcançar a concretização do acesso pleno à subsistência.   Em primeiro lugar, convém destacar as falhas no modelo vigente como potencializadoras do complexo estado atual. Consoante a John Locke, o papel primeiro do Estado é garantir, com a maior veemência possível, o fundamental e inalienável direito à vida. Embora tal premissa tenha sido efetivada em nossa Constituição Federal, os programas que, em tese, foram criados para construir a equanimidade - como o Sistema Único de Saúde (SUS) - tiveram efeito paliativo diante da multifacetada problemática. Com constantes cortes em investimentos, as filas que se avolumam em busca de tratamentos públicos não apenas marcam inefetividade, mas acentuam os abismos qualitativos em relação ao plano privado, restrito a alguns poucos abastados.    Ademais, é importante destacar a passividade dos cidadãos no tocante ao bem-estar geral. "Aquele que não tem tempo para cuidar de sua saúde, terá de arranjá-lo para cuidar da doença", acredita o cardiologista e teórico Lair Ribeiro, destacando as tendências assistencialistas peculiares ao Brasil. Nessa perspectiva, a busca de informação - e cuidados - apenas quando as enfermidades manifestam-se diretamente evidencia a inércia diante de métodos profiláticos que poderiam, com certa facilidade, evitar surtos epidêmicos, à exemplo dos que ocorrem com a dengue e a febre amarela.    Torna-se clara, portanto, a necessidade de discutir com mais profundidade o modo como encontram-se dispostas as ações sobre tão abrangente área. Faz-se imperioso que o Ministério da Saúde, aliado às secretarias municipais e estaduais dessa seara, elaborem planejamento que expanda o atendimento básico comunitário. Para tanto, cabe disponibilizar recursos para estruturas físicas e formação profissional que, por meio de atendimento mais aproximado, atenda às necessidades de menor urgência, de modo a facilitar a logística dos casos mais graves. Outrossim, é fundamental instituir a educação saudável no currículo escolar, de forma que, por intermédio de lições acerca de vetores, agentes etiológicos e medidas preventivas, seja apreendido conhecimento útil ao combate das doenças. Dessarte, será tangível alcançar o ideal de harmonia já preconizado na Antiguidade Clássica.