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Enviada em: 08/08/2018

No livro "O Colapso", de 2005, o escritor americano Jared Diamond expõe claramente o seu otimismo sobre o futuro. Segundo ele, esse otimismo é uma consequência da sua conclusão de que a sociedade não é atingida por problemas insolúveis. Nos dias atuais, tal conclusão é facilmente relacionável ao problema da saúde pública no Brasil que, apesar de vitimar muitas pessoas, é passível de uma solução. Nesse âmbito, deve-se destacar a ausência de ação por parte do governo e da população.      Diante dessas circunstâncias, é possível retomar o pensamento do filósofo Platão de que a sociedade ideal é fruto de um governo ideal. Essa ideia está presente em seu diário socrático "A República", no qual ele descreve a cidade utópica de Calípolis, que é governada por filósofos. Sob essa luz, o problema da saúde pública é consequência de um governo ineficiente no que diz respeito a atender as necessidades da população. Tal ineficiência, fruto de um sufrágio inconsciente e de medidas que visam ao lucro de curto prazo, contribui fortemente para a permanência de um sistema de saúde precário e incapaz de atender a sua demanda.          Ademais, deve-se ressaltar a ideia do historiador Eric Hobsbawm, presente em seu livro "A Era dos Extremos", de que uma mudança social jamais é bem-sucedida quando imposta por uma força externa. Ela funciona apenas quando parte de dentro da própria sociedade. Sendo assim, a precariedade do sistema de saúde pública decorre, também, da ausência de manifestações populares que cobrem do governo que o melhore. A ausência dessas manifestações reforça a ideia de que a população brasileira apenas assiste os seus problemas, sem mobilizar-se para revolvê-los. Assim parecer ser pois, como disse Lima Barreto: "O Brasil não tem povo, tem público".        Portanto, visto que as causas dos problemas da saúde pública são conhecidos, evidencia-se a necessidade de alguma mudança. É preciso que o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação, financie campanhas educacionais nas escolas. Tais campanhas contarão com ampla divulgação midiática e incluirão o ensino sobre a importância da mobilização popular para resolução do problema da saúde pública. Isso pode ser feito por meio de palestras, dinâmicas e debates que terão o intuito de induzir os alunos à conduta social consciente. Concomitantemente, cabe à mídia criar campanhas que chamem os cidadãos para as ruas para manifestações, por meio de propagandas televisivas e pela internet, que contribuirão para que as diversas necessidades populares sejam atendidas. Assim, certamente, o problema da saúde pública será resolvido e, ao contrário do que dizia Lima Barreto, o povo brasileiro deixará de ser apenas um público.