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Enviada em: 28/09/2018

No seriado "Sob Pressão" , o cenário do sucateamento da unidade de saúde na Comunidade da Maré denuncia a condição atual do tratamento das autoridades com o sistema público de saúde, dessa forma, podemos levar a crítica ao âmbito nacional, podendo ser colocada em pauta a questão do investimento no SUS e da sua gestão, um sistema com investimento insuficiente e ineficiência, reafirmando sua situação.  Em primeira análise, o gasto per capita com saúde no Brasil é avaliado, segundo a OMS, como abaixo da média mundial. Esse dado, somado à aprovação da PEC 241, limitando os gastos públicos em saúde; e ao crescimento da inflação anual, prevista em 4,1% pelo Banco Central, imprime a percepção da insuficiência monetária do sistema. Por certo, o déficit de investimentos causa impactos em todo a lógica, desde os recursos humanos; médicos com salários atrasados, diminuindo sua perspectiva de carreira e aumentando a insalubridade mental da profissão; ou na falta de medicamentos e equipamentos, como bem retratado no seriado médico. O impacto recai principalmente sobre o "consumidor" desse sistema, o cidadão que além de insatisfeito com o atendimento sai da unidade de saúde sem o medicamento ou sem sua aplicação por falta do mesmo.  Como consequência disso, na análise do Banco Mundial em 2017 é apresentada a taxa de 27% de ineficiência na atenção primária. Ou seja, a falha na atenção primária gera um número de casos que necessitarão de atendimento especializado, cirurgias, tratamentos complexos, muito mais caros do que apenas a consulta médica e a prevenção, como exemplo, foi gasto no tratamento com o câncer um total de 3,3 bilhões de reais em 2015. Assim, por falta de uma gestão eficiente, o gasto do SUS é potencializado e considerando o cenário econômico, o sistema torna-se insustentável, o dinheiro acaba não sendo suficiente para garantir o atendimento do paciente na atenção primária, secundária ou terciária, eventualmente o colapsando.  Em suma, podemos concluir que o sucateamento do SUS é uma questão a ser debatida no Brasil. É necessário que a sociedade, por meio de protestos e manifestações, pressione o Legislativo, a reformular, ou revogar, o texto da PEC 241, buscando priorizar a saúde e permitindo o investimento adequado do PIB nesse setor, revitalizando a questão financeira do mesmo. Ademais, o Ministério da Saúde deve repensar na gestão do SUS, no sentido de focalizar a atenção primária e torná-la a mais eficiente possível, através da relocação dos recursos na prevenção e no pagamento atrativo dos profissionais de saúde e garantindo a manutenção das unidades, fiscalizadas por órgãos como o CFM e ONG's, portanto, reduzindo consideravelmente os gastos com a atenção secundária e terciária.