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Enviada em: 23/10/2017

No começo do século XX, no Rio de Janeiro, a vacinação obrigatória contra a varíola, proposta pelo sanitarista Oswaldo Cruz, foi responsável pelo nascimento das políticas de saúde pública no Brasil, quase inexistentes até então. Hoje, a varíola é uma mazela há muito tempo superada, no entanto o sistema público de saúde ainda é negligenciado pela classe política, ampliando as desigualdades sociais no país.    É indubitável que a despreocupação dos governantes esteja entre as causas do problema. Segundo ideário marxiano, a economia e o capital determinam a estrutura da sociedade. Desse modo, depreende-se que a classe dominante, que detém o poder, não está interessada nas condições de saúde da população em geral, o proletariado. Por conseguinte, os investimentos na saúde são escassos, a exemplo dos repasses destinado ao setor no ano de 2010, correspondentes a apenas 10,7% do orçamento público total, segundo dados do próprio governo federal.    Assim sendo, o descuido para com o sistema público de saúde potencializa a disparidade entre ricos e pobres para além do âmbito econômico. Enquanto os mais abastados se utilizam de hospitais e clinicas particulares, usufruindo dos melhores equipamentos e tratamentos, o resto da população tem de enfrentar a falta de médicos e remédios, além de uma infraestrutura precária e ultrapassada. Consequentemente, os mais ricos vivem, em média, muitos anos a mais, ao passo que as classes populares possuem uma expectativa de vida mais baixa, resultado da privação de um direito inalienável do ser humano segundo a própria Constituição Federal: a saúde.    Torna-se claro, portanto, que a má qualidade do sistema público de saúde brasileiro precisa ser defrontada. Nesse sentido, cabe ao Congresso Nacional aumentar o repasse orçamentário destinado ao Ministério da Saúde, a fim de que as clínicas e hospitais públicos disponham de mais médicos, remédios e equipamentos e possam, dessa maneira, melhor atender a população. À sociedade civil organizada, por sua vez, compete a promoção do debate crítico acerca do tema nas redes sociais e a organização de manifestações populares nas principais cidades do país, de modo a pressionar a classe política por mais investimentos no setor. Dessarte, poder-se-á  transformar as condições da saúde pública no Brasil, tal como Oswaldo Cruz fez no começo do século passado.