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Enviada em: 24/10/2017

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, em sua obra "Em busca da política", nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar ou deixa que esta caia em desuso pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem. Nessa perspectiva, tornam-se passíveis de discussões os desafios enfrentados pela sociedade brasileira no que tange à saúde pública. Logo, coletividade e poder público devem unir forças na busca por respostas à essa demanda.      Em primeiro plano, o Governo brasileiro não dá a devida importância à esfera da saúde pública no país. Prova disso são dados do DATASUS, os quais retratam que o Brasil direcionou apenas 10% do orçamento total para a saúde, número esse vergonhoso quando comparado ao de países como Suíça e Holanda, em que esse investimento ultrapassa os 20%. Dessa maneira, os indivíduos desprovidos de recursos financeiros - maioria da população - que necessitam de tratamentos médicos, enfrentam diversos problemas, como imensas filas para atendimento, carência de profissionais e falta de materiais hospitalares. Esse cenário, além de ser um entrave ao bem estar dos cidadãos, vai de encontro à Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual garante uma vida digna a todos, sendo a saúde um pilar dessa dignidade.      Outro grave desafio da saúde pública na nação é o precário atendimento aos idosos. O Brasil passa pela 4ª fase de transição demográfica, a qual é marcada pela alta expectativa de vida. Nesse sentido, nos últimos anos o percentual de idosos tem aumentado significativamente, por conseguinte, aumentou também a demanda por atendimentos clínicos, uma vez que esse público, devido aos desgastes psicofísicos da idade, necessita veementemente de serviços médicos. No entanto, infelizmente essa necessidade não é plenamente contemplada, haja vista a carência de geriatras e gerontólogos e de hospitais exclusivos à essa parcela.      Urge, portanto, que todos os atores sociais cooperem com o objetivo de reverter essa alarmante realidade. Para tanto, as ONGs que militam no âmbito da saúde devem convocar a sociedade, através das redes sociais, para elaborar passeatas e manifestações, com o objetivo de pressionar o Governo a converter mais recursos para a esfera da saúde pública. Ademais, as prefeituras, com aporte financeiro da União, devem criar hospitais exclusivos aos idosos, semelhante aos hospitais da criança e da mulher, bem como o incentivo à formação de geriatras, a fim de proporcionar a esse público, que é o que mais sofre com a decadência da saúde pública, o aporte necessário. Desse modo, observada uma ação conjunta entre sociedade civil e instituições públicas, o país dará passos mais firmes na direção de um futuro melhor.