Materiais:
Enviada em: 27/10/2017

O médico brasileiro Dráuzio Varella, em seu livro "Por um fio", afirma que o objetivo central da medicina não é curar doenças, mas sim aliviar o sofrimento humano. Para isso, é primordial que os profissionais da saúde tenham suporte estrutural para atender seus pacientes com qualidade, o que não ocorre no atual sistema público do Brasil. Nesse sentido, é importante lidar com a superlotação e o sucateamento de hospitais, bem como a má formação, principalmente, de médicos no país, a fim de garantir efetivamente esse direito constitucional.        Primeiramente, é válido ressaltar a insuficiência de recursos direcionados à saúde. Os Estados Unidos, apesar de oferecerem atendimentos médico-hospitalares de extrema qualidade, dependem do custeamento, por parte da população, de todas as despesas relacionadas. Em contrapartida, no Brasil, o SUS - Sistema Único de Saúde - garante a gratuidade desses serviços, mas é incapaz de atender à toda a demanda de pacientes com eficiência. Parte disso ocorre pela existência de problemas estruturais, como a falta de equipamentos, leitos e medicamentos. Dessa forma, é importante encontrar um equilíbrio entre a questão financeira e o atendimento de excelência.       Outrossim, a má formação de médicos também é um problema a ser enfrentado. Segundo o filósofo Thomas Hobbes, os indivíduos abdicam de sua liberdade natural e concedem poderes ao Estado em busca de melhores condições de vida. No entanto, a ineficiência dessa instituição em garantir o direito social em questão levou-a a criar, como alternativa, novos cursos de medicina em municípios com pouca estrutura e baixa densidade populacional de médicos, sob o pretexto de sanar esse último problema. Como consequência, formam-se profissionais incapacitados para a prática médica que podem prejudicar a saúde dos pacientes, além de não haver garantia da permanência deles nos municípios em que se graduaram.       É evidente, portanto, a premência de se aperfeiçoar o atendimento médico-hospitalar público no Brasil. Assim, cabe ao Ministério da Saúde, por intermédio das Secretarias Municipais, direcionar, primordialmente, investimentos à infraestrutura, garantindo a aquisição de leitos e equipamentos médicos, em hospitais e unidades básicas, com o fito de oferecer condições mínimas de trabalho aos profissionais da área e aprimorar a qualidade, a rapidez e a eficiência dos atendimentos. Ademais, o Ministério da Educação deve priorizar a melhora dos cursos de medicina já existentes, oferecendo reformas nos hospitais-escola e nos laboratórios, em detrimento da criação de novos. Só assim é possível criar um ambiente propício para a concretização da máxima de Dráuzio Varella.