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Enviada em: 29/10/2017

Oswaldo Cruz, grande sanitarista brasileiro, instituiu, no início do século XX, uma reforma sem precedentes na saúde pública brasileira. Com sua campanha de "mata-mosquitos", esse médico erradicou a febre amarela em grande parte dos estados brasileiros. Entretanto, nos dias de hoje, essa mazela tropical voltou a assolar várias cidades brasileiras, evidenciando o descaso com a saúde pública no Brasil. Nesse sentido, deve-se analisar profundamente esse problema, a fim de propor medidas para mudar esse quadro incompatível com o século XXI.   Em primeiro plano, a omissão do poder público em relação à saúde pública corrobora a desigualdade no acesso a esse direito. Nesse sentido, de acordo com Maquiavel, o objetivo da classe política é se manter no poder. Logo, propostas sociais só serão aprovadas no Congresso Nacional se estiverem de acordo com as agendas políticas pessoais dos deputados. Desse modo, estados com populações votantes menores, como as federações do Norte e do Centro Oeste, são os que mais sofrem com a falta de investimentos em médicos e infraestrutura hospitalar, visto que possuem pouca representatividade no poder Legislativo.    Além da classe política, a população civil não luta de forma efetiva para democratizar esse acesso. Embora a garantia de direitos constitucionais seja função do Estado, é vital para a cidadania efetiva a reivindicação dessas garantias por parte da sociedade. Entretanto, uma parte considerável da população prefere se manter inerte, visto que possuem plano de saúde privado, não precisando lidar com as falhas no SUS. Infelizmente, devido a esse individualismo antidemocrático, houve uma diminuição incontestada de 60% dos investimentos em saúde pública desde 1990, segundo a MV Gestão de Saúde.    Torna-se evidente, portanto, que o fato da saúde ser um privilégio no Brasil contemporâneo deve ser combatido. Para mudar esse quadro, o Ministério da Saúde deve criar um programa de migração temporária de médicos das grandes cidades para o interior, por meio de incentivos financeiros a esses profissionais. Esse programa, que funcionará através de um rodizio, tem a finalidade de inibir as desigualdades regionais no que se diz respeito à saúde pública. Além disso, as ONGs devem criar mutirões de fiscalização que, por meio de vistorias periódicas nos hospitais brasileiros, pressionarão o governo por melhorias nesse setor vital para a cidadania. Assim, o legado de Oswaldo Cruz estará completo.