Materiais:
Enviada em: 30/04/2018

As cinzas diárias da sociedade brasileira  Conforme o geógrafo David Harvey, a globalização iniciada no período das grandes navegações comprimiu o tempo e o espaço, interligando cada vez mais as relações econômicas e políticas, bem como a elevação do fluxo de pessoas e mercadorias em um curto período de tempo. Neste contexto germina-se a industrialização e a busca por uma mão de obra para a produção. Tal atrativo empregatício foi de grande influência para o maior êxodo rural brasileiro, ocorrido entre as décadas de 60 e 80 com o investimento do governo de Juscelino Kubitschek nos grandes centros urbanos da região sudeste.  Essas ondas migratórias no interior do território nacional acarretam em uma maior densidade urbana, a qual não é suprimida adequadamente pelos órgãos governamentais. Resultando, portanto, em inúmeras pessoas em condições de vida insalubres, constituindo as camadas marginalizadas pela sociedade. Segundo o pensamento de servidão voluntária do filósofo La Boètie, as regras são criadas a fim de serem adotadas, e deste modo, tornam-se um costume neutralizado socialmente. Do mesmo modo que esses indivíduos e as suas condições são observadas por todos os cidadãos brasileiros. Porém, são aniquiladas e tornam-se somente cinzas diárias.   As comunidades, o grande número de famílias vivendo em uma única casa, a distribuição da renda econômica entre os indivíduos pertencentes, a violência impregnada nas cidades, entre diversos outros fatores, caracterizam a atual conjuntura em que se vive. A garantia de uma boa qualidade de vida torna-se uma conquista ilusória do povo, pois ela é um jogo político praticado pelos ocupantes de seus cargos, que visam a compra de votos a partir do comprometimento no ajuste de moradias a todos. Assemelha-se, portanto, ao período da república oligárquica, onde o voto de cabresto era predominante, ou seja, a troca de favores e o uso de violência em prol da escolha do governador desejado pelos coronéis.  Conclui-se que medidas devem ser adotadas para a solução dessa precaridade social enfrentada por diversos brasileiros. O Governo Federal deve investir cada vez mais em projetos sociais, bem como o "Minha Casa Minha Vida" e o "Bolsa Família". A inserção da população de comunidades periféricas nos centros urbanos deve ser realizada de maneira adequada, a fim de garanti-los as condições ideais de trabalho, moradia e cidadania, e não somente destiná-los a determinados locais sem nenhum auxílio. O Movimento Sem Terra (MST) também deve ser atendido, uma vez que visam a reforma agrária e a democratização do acesso às terras.