Com o desenvolvimento acelerado e desorganizado da urbanização e da industrialização nas metrópoles brasileiras, a partir das fases iniciais do Governo Vargas, ampliaram-se os fenômenos de êxodo rural, inchaço urbano e segregação socioespacial. Nesse contexto, verifica-se a contribuição negativa da falta de planejamento estrutural para a instauração de residências, caracterizadas pela falta de qualidade e dignidade de vida, bem como, pela elevada densidade demográfica.Diante desse cenário, evidencia-se que em função do processo de encarecimento do solo urbano, acrescido da gestão púbica e ineficiente das moradias, há o agravamento do déficit habitacional no Brasil. Cabe ressaltar, em primeiro plano, que o aumento do número de construções em áreas de risco deve-se à supervalorização,engendrada pelos empresários defensores da finalidade apensas lucrativa das moradias,do preço dos terrenos urbanos localizados em porções centrais da cidade.Sob essa ótica, observa-se a implementação do processo denominado de gentrificação, no qual há a preocupação exclusiva com o embelezamento e a seleção preconceituosa do perfil social dos habitantes, isolando os mais pauperizados em zonas periféricas, marcadas pela defasagem da atuação estatal .Dessa forma, analisa-se que o fenômeno da favelização, presente sobretudo, no Sudeste brasileiro, exemplifica uma consequência direta da mercantilização exacerbada dos terrenos. Além de tal questão imobiliária, destaca-se, ainda ,que a manutenção das desigualdades sociais, delimitadas pela falta de acesso dos setores de baixa renda aos direitos sociais previstos pela Constituição de 1988,corrobora a estruturação de residências em locais inóspitos, tais como, as palafitas em rios na porção Norte do Brasil.Tais discrepâncias sociais são oriundas da escassez de planejamento e investimento adequados por parte das Secretarias e Ministério da Habitação, devido à lógica neoliberal de funcionamento,marcada pelo corte de gastos em setores sociais.Desse modo, em função da negligência estatal, amplia-se a situação degradante e insalubre de parcela das moradias brasileiras,sinalizadas pela coabitação, bem como pela falta de saneamento básico e iluminação. Sendo assim,constata-se que a supervalorização dos preços imobiliários, acrescida da insipiente gestão dos órgãos governamentais, são elementos preponderantes que podem acarretar a desasagem estrutural e logística das residências brasileiras.Faz-se necessário, portanto, que as empresas privadas de construção civil,em parceria com imobiliárias do setor público, viabilizem a edificação e a venda de conjuntos habitacionais a preços mais baratos voltados às populações com baixo poder aquisitivo. É fundamental,ainda, que as instâncias executivas do poder aumentem o aporte de capital destinado à oferta de suportes e serviços básicos públicos para a manutenção da dignidade habitacional e cidadã.