Materiais:
Enviada em: 25/02/2018

Déficit habitacional: raízes e soluções       Possuindo raízes históricas, sociais e educacionais, o déficit habitacional no Brasil é uma realidade de longa data, a qual se constitui como um dos mais graves problemas do país. Embora não seja devidamente evidenciada pela grande mídia, essa é uma questão essencial a ser discutida e solucionada, uma vez que envolve a qualidade de vida da  população brasileira.       O surgimento de moradias irregulares, no Brasil, remonta ao Brasil Colonial quando D. João VI obriga uma parcela da população a sair de suas casas a fim de que o rei e sua corte se estabelecessem no Rio de Janeiro. Ao longo do tempo, a questão habitacional se agravou com o surgimento dos cortiços nos centros das cidades e sua posterior demolição, durante a República Oligárquica no início do século XX, forçando a migração da grande massa marginalizada para as periferias e encostas de morros, iniciando o processo de favelização.       Dessa forma, os problemas sociais oriundos da industrialização do país contribuíram para piorar ainda mais esse quadro, visto que neste período ocorreu uma urbanização acelerada e desorganizada, aumentando vertiginosamente a quantidade de moradias irregulares. Deve-se considerar também que esse processo provocou o adensamento populacional e crescimento da demanda por habitação, elevando os preços dos aluguéis nas principais cidades do país.       Além disso, outro importante fator que contribuiu para o déficit habitacional está na frágil educação financeira da população brasileira em geral. Certos de que o investimento em imóveis é o mais seguro e lucrativo, muitos se prendem a este mito, comprando casas e apartamentos e alugando-os a preços exorbitantes. Soma-se à especulação imobiliária a má gestão de recursos de muitas famílias brasileiras, que se submetem a gastos estruturais muito altos, comprometendo mais de 30% de sua renda com habitação.       Isto posto, nota-se que a questão do déficit habitacional tem raízes profundas, o que torna sua solução difícil, gerando resultados somente no longo prazo. Para isso, será necessária a iniciativa governamental de reestruturação das cidades e estabelecimento de limitações à especulação imobiliária. Também é preciso que o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários promovam cartilhas e programas de educação financeira a serem distribuídos nas escolas. Somente desta forma se conseguirá combater o déficit habitacional no Brasil.