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Enviada em: 27/03/2018

Do DNA ao Psicológico      Pela primeira vez na história humana, mais pessoas estão morrendo por problemas relacionados com a alimentação em excesso do que pela falta dela. Uma prova disso é que metade das crianças do Brasil estão acima do peso ideal, denunciando uma grave situação para as próximas décadas: a obesidade representará um dos maiores (se não o maior) problemas mundiais de saúde pública.     São várias as causas para o surto planetário de obesidade, que ocorre tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Uma delas, talvez a principal, é que as mudanças tecnológicas ocorridas nos últimos trezentos anos não foram acompanhadas pelo nosso corpo. Nossa biologia foi moldada por milhares de anos de evolução em que a disponibilidade de alimento era pequena. Para sobreviver, o ser humano devia comer o máximo possível e descansar no restante do tempo, criando reservas energéticas como a famosa gordura corporal. Assim, consumir gorduras e carboidratos, aliados ao sedentarismo, está no nosso próprio DNA.      Mas, infelizmente, não podemos colocar toda a culpa no nosso código genético. A sociedade contemporânea está tão doente fisicamente quanto psicologicamente. Depressão, ansiedade e baixa autoestima são todas causas comprovadas para obesidade, e os jovens, mais suscetíveis a essas condições, acabam sendo os mais afetados pelo male. A obesidade infantil se torna um ciclo: A criança, já com problemas psicológicos, come em excesso. Ao ganhar peso, recebe críticas e deboches, arruinando ainda mais sua autoimagem e recorrendo à comida para refúgio. Em seguida, os pais, que deveriam dar suporte para o jovem, acabam por prejudicá-lo ainda mais ao forçarem dietas e exercícios físicos. A criança obesa se torna um adulto obeso, e os filhos desse adulto, muito provavelmente, repetirão o ciclo.      O futuro das crianças é o futuro da nação, sendo a obesidade infantil uma grande ameaça ao mesmo. A mudança deve ser imediata: o combate à obesidade deve começar no útero, com alimentação adequada e cuidado com o peso. Os pais também devem se atentar ao máximo à educação alimentar e física dos filhos, criando hábitos saudáveis que perdurarão para a vida adulta. Cabe ao Estado educar as crianças através da escola, oferecendo merendas saudáveis e atividades físicas regulares, além de criar classes de educação alimentar e dar suporte psicológico aos que precisam. Propagandas governamentais também devem ser utilizadas na mídia continuamente, alertando sobre as consequências da obesidade para as crianças e para o país. Apenas através dos esforços coletivos, será possível derrotar esse mal da modernidade.