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Enviada em: 31/03/2018

Diante do excesso de peso entre crianças e adolescentes, no Brasil, surgem desafios relacionados, sobretudo, à elevada incidência de obesidade nessa faixa etária. Os efeitos desse cenário ameaçador refletem-se nocivamente no panorama de saúde do país, o qual é vilipendiado pelo descaso público. A atuação de causas diacrônicas e publicitárias, na conjuntura atual, figuram-se como elementos determinantes da problemática. Nesse sentido, torna-se inevitável analisá-la sob a perspectiva de ambas as vertentes.                      A princípio, de acordo com a teoria do sociólogo francês Pierre Bourdieu, as representações sociais resultam da influência de fatores existentes em contextos pretéritos. Destarte, o fenômeno da globalização propiciou a expansão de multinacionais capitalistas, produtoras de comidas industrializadas, e a consequente tentativa de assimilação do estilo americano de vida (consumista e nada saudável) na cultura brasileira. A perpetuação de tais fatores na contemporaneidade nacional corrobora o grave quadro de sobrepeso infantil, ocasionado o risco do surgimento de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, fato que não deve ser admitido.              Outrossim, a atuação de propagandas , voltadas à divulgação dos chamados ‘’fast- foods’’, atuam na crescente captação de consumidores mirins. Porquanto, os produtos calóricos são adornados de cores, imagens e personagens expressivos – como ocorre com o comercial de refrigerantes Dolly- que fomentam o poder de compra naqueles que ainda são desprovidos de senso crítico.Dessa forma, em face das inescrupulosas estratégias persuasivas ocorre aquilo que Bourdieu classifica como ‘’Habitus’’, ou seja, a reprodução de paradigmas arbitrários na coletividade, nessa caso, a alienação das crianças evidenciada a partir do consumo exagerado de alimentos prejudiciais a uma balança equilibrada.                 A superação dessa configuração negativa depende, portanto, de medidas conjuntas. Compete ao Ministério da Saúde em parceria com escolas o encargo de elaborar projetos de educação alimentar direcionados a reorientar novos hábitos e esclarecer sobre os perigos advindos das mídias publicitárias nas comunidades de cada município brasileiro. Isso deve se efetivar mediante a distribuição gratuita de manuais autoexplicativos para alunos e os seus responsáveis; outdoors ilustrativos nos principais locais de circulação dos cidadãos; palestras virtuais com especialistas na área da saúde e sociocomunicação nas redes sociais. O objetivo será formar pessoas mais conscientes quanto à importância do usufruto de aportes nutritivos saudáveis e ,assim, aumentar as possibilidades de se atingir uma cidadania fundamentada no bem-estar dos futuros adultos brasileiros.