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Enviada em: 01/04/2018

Na Idade Antiga, Hipócrates e Galeno descreveram os efeitos negativos da obesidade em humanos. Sem muita comprovação, eles sabiam que havia uma relação direta positiva entre o equilíbrio alimentar e a atividade física àquela época. Tempo depois, no renascimento, mulheres robustas, mais “cheinhas” tornaram-se sinônimo de beleza nesse período, exaltando apenas a gordura sem qualquer relação com a qualidade de vida. Contudo, as crianças eram, em geral, magras e tratadas como mini adultos, pois trabalhavam e tinham mais atividades fora do lar, bem diferentes da era atual.     Sabe-se, pois, que a obesidade infantil é um problema epidêmico recente. Tempos atrás, não havia muita preocupação com esse tema porque o homem precisava armazenar grandes quantidades de energia para períodos de escassez de alimentos. Além disso, com o passar dos anos, a industrialização e o sedentarismo contribuíram decisivamente para a realidade de hoje. Antes, o consumo de alimentos saudáveis como raízes, frutas e legumes era comum e não havia esforço para isso. Agora, a infância magra de antes, que se divertia nas ruas com brincadeiras de alto gasto energético, passou a ser uma geração conectada e bombardeada com o estímulo ao consumo de alimentos hipercalóricos.     Assim, pode-se comprovar aquilo que Galeno e Hipócrates já previam mesmo sem muitos estudos, isto é, a falta de atividade física aliada a uma alimentação desregrada contribui diretamente para os riscos de adoecimento das crianças. Prova disso é a projeção da ABESO ao apontar que até 2025 existam mais de 75 milhões de crianças obesas no mundo – dado alarmante. É evidente, portanto, que gordura não é sinônimo de saúde como acreditavam os antepassados. Sem dúvida, há um caráter multifatorial e genético que provoca o ganho excessivo de peso nos infantes, porém o fator ambiental e o estilo de vida de seus genitores parecem ser decisivos nesse aumento de tecido adiposo dos pequenos. Pais sem tempo permitem que suas crias passem mais tempo confinadas em apartamentos e ligadas aos eletrônicos, pois assim se comportam e não “atrapalham”.     Diante disso, a obesidade infantil deve ser combatida com políticas públicas educativas voltadas à prevenção dos agravos. Obesos na infância são potenciais diabéticos, hipertensos e cardíacos. Portanto, fortalecer a Atenção Básica dos municípios é fundamental para a saúde infantil e isso deve ser feito por meio da educação com palestras, banners e outdoors que mostrem a realidade. Profissionais da saúde e também professores, bem preparados, são importantes no processo de mudança do estilo de vida das famílias brasileiras que precisam compreender a importância da reeducação alimentar como forma de proteção nos tempos de hoje. Somente assim, os “fofinhos” de agora não serão os adultos obesos e doentes de amanhã.