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Enviada em: 01/04/2018

Saúde fragilizada    A Constituição Federal de 1988 - norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro - assegura a todos o direito à saúde. Entretanto, os frequentes casos de obesidade infantil impedem que crianças e adolescentes usufruam desse direito na prática. Com efeito, faz-se necessário analisar a influência da mídia, bem como a cultura do sedentarismo na vida dos pequenos.    Em primeira instância, o apelo midiático exerce uma influência histórica na construção de um cardápio pouco saudável. Nesse contexto, o historiador Sérgio Buarque de Holanda constatou que os brasileiros são suscetíveis as influências estrangeiras, e a publicidade atual é consequência direta da globalização. Destarte, as grandes empresas transnacionais de alimentos industrializados uniformizam propagandas, sabores e produtos, a fim de impor às crianças o modelo único de “fast-foods”. No entanto, não é razoável que a imposição publicitária persista em incentivar hábitos alimentares inapropriados para a preservação da saúde infantil em um Estado Democrático de Direito.     De outra parte, o costume de não realizar exercícios físicos compromete a manutenção de um organismo saudável. Em decorrência disso, a Organização Mundial da Saúde afirma que diabetes, obesidade e pressão arterial elevada - patologias diretamente ligadas ao comportamento alimentar e sedentarismo - são alguns dos principais males do século XXI em termos de saúde pública, e que doenças cardíacas são umas das razões de inúmeros casos de óbito infantil no Brasil. Todavia, enquanto a cultura do sedentarismo se mantiver, as crianças e adolescentes serão obrigados a conviver com um dos mais graves impasses da contemporaneidade: a saúde debilitada.      Urge, portanto, que o direito à saúde seja, de fato, assegurado na prática, como prevê a Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Saúde, precisa instituir aulas sobre os benefícios de uma alimentação saudável e a realização de atividades físicas nas escolas desde a infância, pois é nesse período que as crianças adquirem os valores morais e éticos do corpo social em que se encontram. A sociedade civil, por sua vez, deve, por intermédio de debates nas mídias televisivas e mídias sociais, repudiar o incentivo publicitário ao consumo alimentar pouco saudável, com o objetivo de criticar a padronização imposta pelos comerciais de grandes corporações a respeito dos “fast-foods” aos menores. Essa iniciativas seriam importantes porque atenuariam os casos de obesidade infantil e evitará que se perpetue, no Brasil, a saúde fragilizada dos pequenos.