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Enviada em: 23/10/2018

O estado de natureza hobbesiano apresenta o homem como lobo do próprio homem, em guerra de tudo contra todos. Para evitar esse cenário, a constituição brasileira garante o direito à segurança pública para todos. No entanto, vive-se no país, devido a questões socioestruturais e econômicas, uma dificuldade na manutenção de uma sociedade que sustém essa garantia.       A princípio, é necessário reconhecer que a cultura do medo está enraizada na nação tupiniquim. Nesse sentido, sabe-se que, além do receio em sair de casa e ser vítima de crimes, o cidadão brasileiro não confia na própria estrutura de segurança pública do seu país pois, segundo o Datafolha, 8 em cada 10 moradores de comunidades têm medo da Polícia Militar. Esse fator é um reflexo da falta de eficácia desse sistema, que mantém o foco na repressão mais do que na prevenção, o que contribui para a crise, visto que apesar da intervenção federal no Rio de Janeiro, decretada em 2017, 134 PM's foram mortos em confrontos no mesmo ano.       Outrossim, a má gestão desse sistema deve ser considerada. Além dos casos de corrupção, que envolvem desvios de verbas destinadas ao setor de segurança pública, a falta de planejamento estrutural contribui com a violência. Segundo o IPEA, a cidade que apresenta a menor taxa proporcional de homicídios no país, Jaraguá do Sul em Santa Catarina, é a que mais investe em policiamento preventivo, com monitoramento através de câmeras nas ruas e tecnologia que possibilita a integração entre as corporações. Na contramão, a cidade de Altamira, é a que apresenta mais homicídios, pois detém um policiamento precário e apenas ostensivo, sem prevenção.       Portanto, a necessidade de medidas interventivas torna-se evidente. O Ministério de Segurança Pública, em parceria com as secretarias estaduais, deve direcionar mais recursos para a prevenção, adotando tecnologias de monitoramento e integração das polícias, a fim de facilitar a ação e a investigação. Ademais, a formação dos agentes de segurança deve atuar na melhoria da relação da corporação com os cidadãos, através de um estudo mais aprofundado de Direitos Humanos e sua aplicação nas atividades policiais, a fim de mitigar os abusos e, consequentemente, aumentar a confiança do cidadão naqueles que têm o dever, sobretudo, de salvaguardar sua segurança e garantir a paz na sociedade.