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Enviada em: 04/06/2018

Do jornal para os livros       Armas em punho não transformam a batalha da segurança pública, e sim, giz e quadro negro. Perguntaram a Caetano Veloso, compositor brasileiro, sobre a atual violência do Brasil e ele respondeu se tratar de uma desumana desigualdade social que perpetua esse quadro e configura a necessidade constante de esforços para atenuar e garantir caminhos diferentes do presente momento. Assim, as peças desse delicado e traiçoeiro jogo são o Estado, a sociedade, a escola e a família, e, como em um brinquedo de montar, a junção dessas levam a mudança do quadro atual.       Em primeira análise, Jurandir Costa, psicanalista brasileiro, afirma que a questão crucial é saber como suspender a violência. Dessa maneira, a contenção é construída com pilares que exigem um tempo para apresentar resultados satisfatórios, pois o perfil da vítima e do agressor ainda é negro, jovem e com menos de uma década de instrução. Então, a assimilação desse retrato impõe que a sociedade combata os preconceitos raciais e sociais, e que o Estado viabilize mais projetos para livrar a população dessa partida sangrenta.       Além disso, Paulo Feire defendia que, quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor. Desse modo, outra capaz de reverter a violência é a escola. A educação no país carece de releitura, porque alcançar esses jovens marginalizados demanda melhores condições de trabalho e dedicação exclusiva dos profissionais envolvidos.       Em sua obra Crito, Platão escreveu, não deverá gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los. O Estado, a sociedade e a escola devem ser atuantes, embora é a família que habilita o indivíduo a conviver em sociedade. Responsabilizar os familiares pelos atos do agressor é incitar uma mudança no atual quadro brasileiro.       Logo, violência se resolve com papel e caneta. O Estado incentiva com projetos sociais, reduzindo a intercorrência, além, claro, de políticas e gestão de segurança eficientes. A sociedade junto com a grande mídia transforma o preconceito em algo ultrapassado por meio de filmes e telenovelas que retratam a vida dos segregados sociais para que todos possam perceber que a desigualdade é o primeiro exemplo de violência. A escola promove um ensino mais atraente e libertador com debates e feiras culturais com apresentação dos estudantes sobre como eles se identificam inseridos na população. A família garante que o indivíduo compreenda e respeite os valores vigentes para se conviver. Com essas estratégias, as instituições executam seus papéis que, em breve, a violência seja tema de livro de ficção e não de páginas de jornal.