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Enviada em: 24/05/2018

"Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são"     Tal máxima é prerrogativa dita pelo personagem Macunaíma, de Mario de Andrade que, diante das mazelas vividas no Brasil, expressa sua conclusão na frase supracitada. Tais problemas convergem no ressurgimento de patologias anteriormente erradicadas e na epidemia de outras recentes, refletindo três déficits principais: a precariedade sanitária das moradias, que não possuem tratamento adequado de água e esgoto, a difusão de informações sem embasamento científico e a inadequação hierárquica financeira do SUS (Sistema Único de Saúde).       Ocorre no país, uma negligência estrutural aos princípios fundamentais de sanitarismo impostos pela ONU (Organização das Nações Unidas), principalmente em visão de suas principais periferias, como o Capão Redondo em São Paulo, na qual os moradores não possuem mínimas condições de saúde básica e infraestrutura, estando sob o estigma de invisibilidade pelo Estado. Tais indivíduos, dentre outros, sofrem influência direta das falsas informações, difundidas por grupo sensacionalistas da mídia, que se promovem afirmando, por exemplo, que vacinas causariam problemas mentais e genéticos, sem possuírem o discernimento causa-efeito que tais afirmativas possuem em sociedade.       Os ESF's (Estratégias de Saúde da Família) são excessivamente culpabilizados pelos problemas estruturais do SUS, que são, na verdade, reflexo de causas mais abrangentes. Um dos patamares do mesmo é a descentralização de poderes, ocorrendo por exemplo, o repasse de verbas no eixo federal -estadual - municipal, muito embora estas devessem ser direcionadas do primeiro ao último, na seguinte lógica: o município apontaria suas necessidades ao estado, que as indicariam à União. Esta, por sua vez, repassaria a verba diretamente ao município em questão, que deveria, então, ser fiscalizado pela sua região estatal mantenedora quanto a aplicação de políticas públicas. Tal modelo solidifica-se como cíclico, em detrimento ao piramidal, visto que quando trata-se de dinheiro, as relações corrompem-se.       É evidente que não ocorre uma situação ideal, entretanto, constitucionalmente, existe um modelo adequado em vigor, muito embora seja pouco cobrado pela população. Ocorrem Conferências Municipais de Saúde anualmente, para discussões acerca dos problemas mais próximos ao indivíduo, mas muitos sequer sabem de sua existência. Necessita-se de uma maior coesão dos ESF's e do ensino acerca da importância da vacinação nas escolas, para que os próprios alunos sejam vetores de informação aos seus familiares. Outro grupo que deve desqualificar as falsas informações são os cientistas, que se calam diante das situações-problema, na crença de estarem isentos de obrigação social, ou por receio de ataque de radicalistas, que a tudo questionam mas nada constroem.