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Enviada em: 26/06/2018

A erradicação de doenças como a Varíola e a Poliomielite no Brasil é a prova de que eficiência e investimento são fatores geradores de bons resultados. No entanto, na atual conjuntura brasileira, percebe-se a carência desses fatores, o que reflete nos surtos epidêmicos de dengue, microcefalia e até mesmo de doenças anteriormente erradicadas como a Febre Amarela. Nesse contexto, imperam desafios como o pouco interesse da indústria farmacêutica nessas doenças e a falta de um plano nacional eficiente de combate aos vetores, o que compromete o enfrentamento das atuais epidemias.    Em primeira análise, segundo a Organização Mundial da Saúde, nos primeiros anos deste século apenas 4 em cada 100 novos medicamentos foram dedicados a doenças que atingem países tropicais. Isso figura, portanto, como um obstáculo para países como o Brasil enfrentarem uma série de doenças negligenciadas pelas indústrias farmacêuticas, tais como a Chinkugunya e a síndrome de Chagas. Apesar de contarmos com centros importantes de pesquisa nesse viés como a Fiocruz, o sistema de incentivo à inovação é pouco presente e o investimento é baixo, apenas 15 % da receita orçamentária é destinada à saúde.    Outro desafio adensador dos surtos epidêmicos é a ineficiência no combate aos vetores responsáveis pela transmissão de doenças. A Constituição de 1988 promoveu a descentralização e municipalização das ações médico-preventivas e estabeleceu secretarias regionais para funcionarem como articuladoras dessas ações. Porém, essas secretarias estão sucateadas e com isso percebe-se que há uma forma desigual de lidar com os vetores entre os municípios. Dessa forma, como sabemos que o mosquito não respeita as divisas territoriais, a ação negligente de uma prefeitura nesse aspecto pode acarretar numa proliferação em cidades vizinhas e, por conseguinte, se espalhar em escala nacional.       Evidenciam-se, portanto, desafios significativos para o tratamento das epidemias no Brasil, as quais figuram como uma importante problemática de saúde pública nacional. A fim de contornar a falta de interesse das indústrias em doenças tropicais, o Governo Federal deve incentivar a produção científica nesse sentido por meio de investimento em instituições como a Fiocruz, com boa remuneração para os profissionais e patrocínio na produção de novas vacinas e medicamentos. Dessa forma, além de promover formas eficazes de lidar com as doenças, o governo poderá atrair divisas por meio das patentes. Além disso, visando uma melhor articulação das campanhas de combate aos vetores, o Governo Federal deve garantir o funcionamento das Secretarias Regionais responsáveis por meio do envio de verba e fiscais, além de um plano de metas que envolva também a população.