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Enviada em: 25/03/2019

Sob a perspectiva antropológica de Claude Levi-Strauss, pai do estruturalismo, é necessário compreender o mecanismo funcional de um corpo social para obter um maior entendimento dele e de seus conflitos. Nesse sentido, a problemática das epidemias no Brasil, lamentavelmente perceptível no cotidiano, instiga a sociedade a refletir sobre os desafios na saúde pública do país. Assim, é lícito afirmar que o Estado, com sua ineficiência administrativa, além da postura irresponsável de parte da sociedade, colaboram para a perpetuação desse revés.     Convém ressaltar, antes de tudo, que é ingênuo acreditar que o Governo cumpre seu papel no que se refere à questão. Apesar de existir, de fato, ações que visam proteger a população de surtos epidêmicos, como dedetizações públicas e eventos de vacinação em unidades básicas de saúde (UBS), apenas medidas pontuais dessa natureza são incapazes de conter o fato de que, em pleno 2019, com o avanço da medicina e a facilidade no acesso à informação, as epidemias ainda são um fantasma na saúde pública no Brasil. Prova disso é o recente contágio de febre amarela nos estados de São Paulo e Minas Gerais, que levou o Governo a admitir publicamente a incapacidade de fornecer vacina para todas as pessoas, o que torna nítida a ineptidão estatal. Embora tenha sucesso em conter crises em algumas ocasiões, caso da microcefalia em 2015, é visível ainda faltar recursos financeiros para driblar amplamente os transtornos e garantir a proteção de todos os cidadãos.     Outrossim, não há dúvidas de que a conduta inconsequente de uma fração da sociedade contribui para o impasse. É perceptível que grande parcela dos brasileiros não possuem uma consciência adequada sobre atitudes que promovem a saúde da comunidade em que estão inseridos e que podem ajudar a evitar doenças, o que faz com que adotem práticas arriscadas, como o armazenamento inadequado de água que, segundo pesquisa do Estadão divulgada em janeiro de 2016, é responsável por parte considerável dos casos de dengue no país. Sob esse aspecto, John Locke diz: ''O ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências''. Desse modo, vê-se que ao não ser estimulado a exercitar bons atos, o indivíduo transforma-se em parte do problema.    Faz-se evidente, portanto, que ações são necessárias para alterar essa conjuntura. Para que isso ocorra, o Ministério da Saúde, por meio da criação de um Plano Nacional de Combate às Epidemias no Brasil, deve aumentar os repasses monetários para o Instituto Oswaldo Cruz, com o intuito de fazê-lo investir em estrutura e pessoal e, consequentemente, obter uma produção de vacinas capaz de atender a demanda nacional. Somado a isso, tal plano deve prever a realização de palestras por médicos em escolas e UBS, que os orientarão as pessoas sobre atos que podem prevenir doenças epidêmicas.