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Enviada em: 26/08/2019

Na obra de ficção cinematográfica "Gataca", os indivíduos são divididos basicamente por dois princípios gerais: aptos e não aptos. Isto se dá por intermédio de um mapeamento genético feito ainda em fase embrionária, observando quais serão as tendências, doenças e especificidades genéticas, aquele determinado indivíduo carregará em vida; definindo então previamente suas funções, relacionamentos, aptidões e inaptidões enquanto ser. Desta forma, o personagem central, o qual em algum momento da vida, poderia manifestar uma disfunção cardíaca, exercia funções respectivas a sua característica na trama, atuando no serviço de limpeza propriamente dito. Esta percepção ficcional, forja base na premissa da necessidade de conciliação entre biotecnologia e ética; fatores cada dia mais atuais e confrontantes em aspectos de direitos particulares e melhorias alternativas. Outrossim, é corroborada tal reverberação pelo físico Albert Einstein, ao sintetizar ser aterrador e claro que nossos desenvolvimentos tecnológicos, tenham suprimido nossos instintos de humanidade. Dada prerrogativa entoa a quão rápida e inadvertida é a intensificação de processos, métodos e aplicações de melhorias nas múltiplas áreas atendidas pelas capacitações tecnológicas que atendem e reformulam princípios de hereditariedade, natureza química e tantas outras relações biotecnológicas de nosso cotidiano. Apesar de atribuições inquestionáveis do ponto de vista desenvolvimentista e necessariamente adaptativo, esbarra-se em problemáticas que ferem fatores primordiais como a ética comum, a saúde individual e o meio ambiente. Ademais, ao usufruir da biotecnologia para melhoramentos ou manipulações que avancem a seara do respaldo científico estritamente necessário, adentra-se na perspectiva da inviolabilidade dos direitos de ser quem se é, alimentar-se do que se quer, entre outros os quais os riscos superem os benefícios. O avanço inadvertido das referências supracitadas vão em choque ao criticismo de Immanuel Kant, retrocedendo a autonomia individual, produzindo a menoridade. Portanto, a atuação de mecanismos que preservem a ética, são de extrema importância enquanto limitante do uso das técnicas de biotecnologia. Assim, é preciso que o governo em face do Ministério da Ciência e Tecnologia, fomente a implementação e desenvolvimento de comitês de ética que criem, estabeleçam e monitorem os desenvolvimentos biotecnológicos, por meio de critérios delineados e pareados à ética individual e social, preconizando o bem estar, a responsabilidade científica e o limite da intervenção humanitária. Com isso, será possível endossar o progresso biotecnológico, descontinuando segregações como as vivenciadas em "Gataca".