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Enviada em: 26/08/2019

No filme "Velozes e furiosos: Hobbs e Shaw", o vilão é um homem geneticamente modificado que deseja obter um vírus letal com o qual pretende matar grande parte da humanidade em busca de uma "evolução" da raça humana. Fora do cinema, mas dentro desse contexto, o uso da biotecnologia levanta questões éticas e expõe desafios como a falta de conhecimento sobre as consequências dessa utilização e a busca incessante por lucro: ambos com potencial para colocar em risco a integridade de toda a população.       A princípio, é preciso destacar que é inegável a contribuição da biotecnologia para o campo da saúde, no qual a qualidade de vida foi transformada pela invenção do antibiótico, das vacinas e dos tratamentos com células tronco. No entanto, lidar com manipulação genética e clonagem, por exemplo, pode ser perigoso, pois não há conhecimento necessário para prever as consequências da inclusão ou exclusão de genes no organismo. Nesse sentido, isso vai contra a evolução natural de Charles Darwin, na qual os seres mais aptos são selecionados ao longo de centenas de anos, com tempo necessário para experienciar os resultados das variações genéticas. Dessa forma, ao interferir no organismo sem total segurança das consequências, a biotecnologia não age eticamente.       Somado a isso, é importante incluir a ganância humana, a qual coloca o lucro acima de qualquer ética. Sob esse aspecto, convém citar os alimentos transgênicos, cuja função inicial era adaptar as plantações aos diferentes climas do Brasil, entretanto, em busca da superprodução e consequente retorno financeiro, as espécies de plantas passaram a receber genes resistentes às pragas e com maior durabilidade e tamanho. Por conseguinte, isso pode trazer danos à saúde como desenvolvimento de câncer e alergias, além de ir totalmente contra a ética deontológica, do filósofo Kant, a qual afirma que as atitudes devem ser pautadas por uma moral universal e livre de interesses particulares, o que claramente não é o observado nesse caso.       Fica claro, portanto, que é preciso combater tais entraves que impedem a conciliação da biotecnologia com a ética. Para isso, o Ministério da Ciência e Tecnologia deve investir em pesquisa, por meio de ofício encaminhado à Secretaria da Fazenda, para que mais recursos sejam destinados aos centros universitários. Dessa maneira, pesquisadores terão subsídio para desenvolver seus estudos e oferecer mais segurança ao uso genético da tecnologia. Ademais, munidos de investimentos, cientistas poderão desenvolver métodos como biorremediadores no controle de pragas, a fim de diminuir a excessiva interferência transgênica nos alimentos. Assim, a biotecnologia será amparada pela ética em busca do bem comum e não de interesses particulares ou eugenistas como o do filme.