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Enviada em: 27/08/2019

No livro "admirável mundo novo", Aldous Huxley retrata uma sociedade de pessoas programadas em laboratórios, que são adestradas para cumprir seu papel numa comunidade de castas biologicamente definidas. Na obra, a biotecnologia é o fator predominante da sociedade, todavia, ela não está limitada apenas à ficção, já que é um importante agente no desenvolvimento da medicina atual. Contudo, por mais que a biologia associada à tecnologia ofereça benefícios para a sociedade, são inegáveis as consequências advindas dessa, especialmente, quando não se relaciona com a ética.       Antes de tudo, é válido ressaltar que, hodiernamente, com o advento da biotecnologia, a promoção de ideias eugenistas se tornaram frequentes. Nesse sentido, percebe-se que, as técnicas de recombinação gênica, associadas ao aprimoramento genético humano, podem propiciar a criação de super-humanos. Por conseguinte, infere-se que, por meio dessa prática, pode haver a manutenção da desigualdade e do segregacionismo, visto que existirão seres humanos mais desenvolvidos intelectual e fisicamente, viabilizando, por exemplo, uma neo-escravidão. A partir disso, constata-se que a biotecnologia se choca com teoria da ética da responsabilidade do filósofo Hans Jonas, que determina a responsabilidade como fator primordial para fundamentar a ética de uma civilização tecnológica.        Não obstante, a técnica de recombinação genética está submetida, também, em culturas agrícolas. Sob essa perspectiva, observa-se o surgimento dos organismos geneticamente modificados (OGM), resistentes a pragas e herbicidas, que aumentam a produção e a lucratividade das produtoras. No entanto, não se sabe quais os riscos da ingestão de organismos transgênicos e, a falta de informação, por parte das grandes produtoras de OGM, contribui para a dificuldade de observar a biotecnologia atrelada à ética. Um exemplo disso são os dados expostos pelo Conselho de Segurança Sobre Biotecnologia, coletados em 2016, que mostram que 33% dos brasileiros acreditam que transgênicos fazem mal à saúde.        Fica claro, portanto, que medidas cabíveis sejam postas em prática, com o intuito de conciliar a ética com a biotecnologia. Logo, é imprescindível que o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), juntamente com o Ministério da Justiça, regulamente as práticas da biotecnologia, por meio de projetos de leis, a fim de diminuir as experiências associadas à eugenia. Para além, as produtoras de OGM, por meio de campanhas na TV, rádios, internet e jornais, devem propagar informações sobre os transgênicos, para informar a população sobre os riscos desses, caso hajam, e qual a importância deles para a sociedade atual. Assim sendo, com tais propostas aplicadas, a sociedade será harmônica, e o risco da biotecnologia ficará restrito apenas às ficções.