No livro "admirável mundo novo", Aldous Huxley retrata uma sociedade de pessoas programadas em laboratórios, que são adestradas para cumprir seu papel numa comunidade de castas biologicamente definidas. Na obra, a biotecnologia é o fator predominante da sociedade, todavia, ela não está limitada apenas à ficção, já que é um importante agente no desenvolvimento da medicina atual. Contudo, por mais que a biologia associada à tecnologia ofereça benefícios para a sociedade, são inegáveis as consequências advindas dessa, especialmente, quando não se relaciona com a ética. Antes de tudo, é válido ressaltar que, hodiernamente, com o advento da biotecnologia, a promoção de ideias eugenistas se tornaram frequentes. Nesse sentido, percebe-se que, as técnicas de recombinação gênica, associadas ao aprimoramento genético humano, podem propiciar a criação de super-humanos. Por conseguinte, infere-se que, por meio dessa prática, pode haver a manutenção da desigualdade e do segregacionismo, visto que existirão seres humanos mais desenvolvidos intelectual e fisicamente, viabilizando, por exemplo, uma neo-escravidão. A partir disso, constata-se que a biotecnologia se choca com teoria da ética da responsabilidade do filósofo Hans Jonas, que determina a responsabilidade como fator primordial para fundamentar a ética de uma civilização tecnológica. Não obstante, a técnica de recombinação genética está submetida, também, em culturas agrícolas. Sob essa perspectiva, observa-se o surgimento dos organismos geneticamente modificados (OGM), resistentes a pragas e herbicidas, que aumentam a produção e a lucratividade das produtoras. No entanto, não se sabe quais os riscos da ingestão de organismos transgênicos e, a falta de informação, por parte das grandes produtoras de OGM, contribui para a dificuldade de observar a biotecnologia atrelada à ética. Um exemplo disso são os dados expostos pelo Conselho de Segurança Sobre Biotecnologia, coletados em 2016, que mostram que 33% dos brasileiros acreditam que transgênicos fazem mal à saúde. Fica claro, portanto, que medidas cabíveis sejam postas em prática, com o intuito de conciliar a ética com a biotecnologia. Logo, é imprescindível que o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), juntamente com o Ministério da Justiça, regulamente as práticas da biotecnologia, por meio de projetos de leis, a fim de diminuir as experiências associadas à eugenia. Para além, as produtoras de OGM, por meio de campanhas na TV, rádios, internet e jornais, devem propagar informações sobre os transgênicos, para informar a população sobre os riscos desses, caso hajam, e qual a importância deles para a sociedade atual. Assim sendo, com tais propostas aplicadas, a sociedade será harmônica, e o risco da biotecnologia ficará restrito apenas às ficções.