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Enviada em: 24/08/2019

Destoante da realidade ideal, no Brasil, o grau de evasão universitária representa um grave e significativo problema no aspecto social e cívico. Nesse sentido, parte da questão tem relação íntima e direta tanto com os desafios cotidianos de um cidadão de classe média quanto com as dificuldades de aspectos intelectuais trazidos pelo novo contexto acadêmico. Além disso, outro ponto do tema liga-se a fatores constitutivos da própria estrutura da universidade, dentro de uma lógica na qual as demandas individuais por auxílio de qualquer espécie não são supridas.      Nessa perspectiva, a baixo nível da qualidade do ensino básico colabora para a formação desse cenário. Sendo assim, como em um efeito em cadeia, os presentes universitários chegam aos seus cursos sem os fundamentos elementares do conhecimento e, por isso, sentem a instabilidade de bases mal consolidadas, já que, por exemplo, cerca de 92% dos alunos de nível superior são considerados analfabetos funcionais, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Monte Negro, ou seja, são incapazes de compreender, interpretar e identificar diferentes tipologias textuais, caracterizando sua insuficiência intelectual. Nesse viés, este é um ponto fundamental para se entender a lógica por traz da evasão: incapacidade do indivíduo em acompanhar o ritmo da universidade, diante da nova gama de conhecimento oferecida a ele e do seu limitado repertório escolar.     Outrossim, a incapacidade atual das instituições de ensino superior em amparar os seus alunos no espectro econômico é um dos fatores que contribuem para a eutrofização desse panorama. Por esse caminho, as políticas nacionais de redução de investimento nas universidades federais, tal qual ocorreu no primeiro semestre de 2019, em que foi aplicado um corte significativo nas verbas anuais das faculdades públicas, como iniciativa do próprio Ministério da Educação, compromete ainda mais a situação, à medida que restringe o acesso dos alunos a bolsas de estudos parra fins de pesquisas,  programas de intercâmbio ou, até mesmo, para a locomoção e alimentação pessoal frente a rotina intensa de um estudante brasileiro. Dessa forma, vê-se que o próprio governo por vezes caminha em direção contrária ao progresso e ao desenvolvimento da própria sociedade.      Destarte, a panorama da evasão universitária configura-se como um problema de alta relevância para o país. Por isso, cabe ao Estado, nas atribuições do Ministério da Educação, retificar-se das últimas medidas tomadas, implementando, ao contrário, os projetos de aumento de investimento nessa esfera, com o redirecionamento e redistribuição dos recursos do PIB brasileiro para esse campo, a fim de permitir o retrocesso desse cenário alarmante e para redemocratizar o acesso ao ensino. Dessa maneira, alcançar-se-á um futuro próximo mais próspero e mais digno aos indivíduos.