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Enviada em: 17/08/2019

No primeiro semestre de 2018 o discurso de Michele Alves durante sua cerimônia de formatura gerou comoção nas redes sociais. Filha de empregada doméstica, Michele se formou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no curso de direito. A instituição é conhecida por ser uma das mais tradicionais universidades da elite paulistana. A estudante que possuía bolsa integral pelo ProUni, programa Universidade para Todos do governo federal, relatou em seu discurso obstáculos socioeconômicos, ideológicos e estruturais que enfrentou durante a graduação.        Dedicando seu discurso "as famílias que a muito custo mantiveram seus filhos na universidade", Michele elucidou a realidade de muitos estudantes de universidades privadas no Brasil. Diante de um mecanismo social falho, os programas governamentais que visam a democratização do ensino superior, tem demonstrado ineficácia quanto a permanência de tais estudantes na universidade. Fatores como o despreparo institucional para auxilio e recepção de tais estudantes, assim como a não viabilização de suporte financeiro aos gatos inerentes aos estudos e o próprio preconceito sofrido pelos estudantes bolsistas em uma sociedade profundamente desigual, muitas vezes leva a evasão universitária.        Por outro lado, estudantes não beneficiados pelas escassas vagas em universidades públicas e programas governamentais, ingressam em universidades privadas dependendo do salário para se manter. Dessa forma, a instabilidade do mercado interfere diretamente em seus anseios profissionais e pessoais agravando os casos de evasão por fatores socioeconômicos e, interferindo diretamente no futuro do país. A educação, como diz Paulo Freire, seja qual for, é a teoria do conhecimento posta em prática. Negligenciar as evidencias de problemas estruturais na marcha da educação, é parar a caminhada do futuro.          Assim sendo, medidas de cunho governamental devem ser tomadas, uma vez que a evasão universitária configura um problema social. Políticas públicas que visem entender como se da o processo educativo como um todo, ampliando vagas e buscando abranger em seus programas medidas que incluam a realidade cotidiana dos estudantes, são de necessidade elementar. Audiências públicas convocando plebiscitos que entreviste e atestem as necessidades de amparo financeiro a estudantes de baixa renda, como também incentivo fiscal as universidades a concessão de bolsas àqueles que não foram beneficiados pelas vagas dos programas governamentais podem surtir efeitos positivos em um futuro próximo. Como afirma Mia Couto, busca-se dialogar com os jovens quando estes tornam-se um problema, ao invez de dilogar antes que este se configure.