Materiais:
Enviada em: 21/08/2019

Ao longo do processo de desenvolvimento da sociedade brasileira, entre os séculos XVI e XX, as universidades estiveram restritas, quase sempre, aos cidadãos de maior poder aquisitivo. Com o aparato estatal e políticas de inclusão social a partir do século XXI, observou-se uma crescente participação popular no ambiente acadêmico. Entretanto, os índices atuais indicam uma nova situação abjeta no cenário universitário do país: as elevadas taxas de evasão. Desse modo, surge o desafio de combater tal problemática, seja pela mudança de hábitos socioculturais intrínsecos à realidade do país, seja pela formatação do modelo da base educacional.       Mormente, é indubitável que a estrutura do pensamento social contemporâneo está entre as causas do problema. Para o sociólogo Émile Durkheim, um fato social configura um conjunto de valores estabelecidos em uma sociedade que, dotado de exterioridade em relação ao indivíduo, norteia seu comportamento na conjuntura nacional. Analogamente, pode-se inserir a evasão universitária como ressonância de um contexto alienador, em que o cidadão é bombardeado com a urgência de obter seu diploma e, por conseguinte, escolhe sua profissão com o intuito exclusivo de se inserir no mercado. Nesse viés, a subjetividade inerente à condição humana no exercício do ofício é posta em último plano, e a consequência direta se dá pela desistência do curso, posto que a escolha é realizada de maneira coercitiva e inconsciente.        Outrossim, é importante destacar o eminente papel da formação básica no que tange ao assunto. Atualmente, a matriz curricular imposta pelo Ministério da Educação (MEC) vai de encontro com realidade de países desenvolvidos por se manter inflexível e pouco diversificada, o que dá margem para a impossibilidade de identificação técnica e profissional pelo estudante. Segundo o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Humano (IPDH) de Cuiabá, em 2015, apenas 5% dos estudantes brasileiros possuíam acesso a atividades extracurriculares que envolvem, por exemplo, artes cênicas, culinária e robótica. Consequentemente, tal estudante tende a se frustrar com a escolha acadêmica e, posteriormente, tende a desistir de seu curso.        Entende-se, destarte, que os obstáculos para a redução das evasões universitárias possuem caráter social e governamental. Para atenuar o problema, o MEC pode, por meio das secretarias da Educação estaduais, administrar mensalmente palestras lúdicas e conferências socioeducativas nas escolas brasileiras, com a participação de psicólogos e profissionais de diversas áreas, a fim de introduzir detalhadamente o leque profissional do mercado de trabalho, desde o ensino infantil até o médio. Desse modo, tal fato social será gradativamente minimizado na sociedade brasileira.