É possível, por intermédio da linguagem simples e coloquial do poema "No meio do caminho", de Carlos Drummond de Andrade, fazer uma analogia a respeito da evasão universitária no Brasil. Sob tal análise pode-se ligar a pedra, presente na obra Drummondiana, à crescente repercussão e manifestação da problemática no cotidiano dos brasileiros. Ainda, constata-se que o revés está atrelado não somente à inoperância estatal, mas também ao modelo excludente da rede de ensino superior. Em primeira análise, pontua-se o desleixo governamental como precursor do agravamento da situação. Segundo Aristóteles, o Governo deve, acima de tudo, garantir o bem-estar da sociedade. Porém, observa-se o descaso das autoridades públicas em relação à disponibilidade de projetos assistencialistas que assegurem a estabilidade econômica dos universitários de baixa renda. Esse desdém, evidencia o atual cenário de muitos estudantes do ensino superior regular brasileiro, em que tentam complementar a renda mensal com trabalhos de meio período, mas em razão das dificuldades de se conciliar trabalho e estudo desistem da faculdade. Nesse contexto, verifica-se a necessidade de uma transformação político-social, com o fito de que o axioma aristotélico retorne ao cerne dos princípios governamentais e os acontecimentos supracitados possam ser mitigados à população. Outrossim, o modelo excludente das instituições universitárias contribui para a acentuação da problemática. Hodiernamente, ocupando a nona posição na economia mundial, consoante à pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), seria racional acreditar que o Brasil possui um sistema de educação pública eficiente e includente. Entretanto, a realidade é justamente o oposto e o resultado desse contraste é observado no baixo índice de estudantes deficientes nas universidades do país. Conforme o Censo da Educação Superior, no ano de 2016, apenas 0,45% de um total de 8 milhões de matrículas no ensino superior público foram de alunos deficientes, além disso, a evasão entre eles é de 27%. Diante disso, medidas são necessárias para reverter essa realidade. Logo, para que o triunfo sob a problemática seja consumado, urge que o Ministério da Educação, por meio dos recursos enviados pelo Estado, promova a difusão de projetos assistencialistas, de modo a garantir a estabilidade financeira dos universitários. Ademais, essa ação deverá ser posta em prática mediante a criação de bolsas estudantis e auxílios que incentivem o estudante a continuar na universidade. Ainda assim, parte da verba deverá ser aplicada em uma reestruturação do corpo universitário com o intuito de minimizar os índices de evasão dos universitários deficientes. Dessarte, a pedra poderá ser removida do caminho social.