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Enviada em: 26/08/2019

A Constituição Brasileira de 1988, conhecida como constituição cidadã, estabeleceu diversos direitos sociais à população, dentre eles o direito à educação superior. No entanto, tal concessão tem sido ameaçada pelos altos índices de evasão universitária observados no país. Sobre esse aspecto, os números decorrem de desafios como a falta de recursos financeiros e a falta de preparo dos estudantes, problemas que refletem a inaptidão do Estado em políticas de assistência estudantil e o déficit do ensino regular no país.       A princípio, é preciso ressaltar a falta de apoio governamental aos estudantes do ensino superior público. Nesse sentido, principalmente os estudantes que precisam mudar de cidade para estudar em instituições federais têm de arcar com muitas contas referentes à moradia. Consequentemente, diante de tantos gastos e sem a oferta de uma assistência estudantil que auxilie, a única opção é trabalhar, o que, em muitos casos, diminui o rendimento escolar e leva à desistência do curso. Nesse contexto, a sociedade estaria em desequilíbrio, pois, segundo o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade é como um corpo biológico que só funciona quando todas as partes têm seus direitos assegurados, sendo a educação um desses direitos que deveria ser resguardado, mas na prática não o é.       Somado a isso, outro fator que agrava a problemática é o analfabetismo funcional, caracterizado pela capacidade de ler textos, mas incapacidade de interpretá-los. Sob essa ótica, os alunos já saem da escola com problemas de aprendizado e quando chegam ao ensino superior enfrentam muita dificuldade. Por conseguinte, é comum a desistência por se acharem incapazes, entretanto, o problema não é individual, mas reflete o déficit existente no ensino regular como um todo. Com efeito, o filósofo John Locke apontou que todos nascem como uma tábula rasa e capazes de desempenhar qualquer função, desde que guiados por uma boa educação. Logo, é necessário um programa educacional que desenvolva os jovens para que cheguem preparados à universidade e consigam levar o curso adiante.       Fica claro, portanto, que existem obstáculos que impedem a diminuição da evasão universitária. Para superá-los, o Ministério da Educação deve buscar aumento de repasses para a assistência estudantil, por meio de ofício encaminhado à Secretaria da Fazenda contendo dados de desistência e histórias de alunos com dificuldade financeira, a fim de que mais estudantes sejam contemplados com bolsas. Ademais, o mesmo ministério deve reformular o currículo escolar, mediante inclusão de mais aulas de português e de métodos lúdicos que estimulem a interpretação textual como dinâmicas de grupo e teatros, rumo ao preparo cognitivo que permita boa trajetória universitária. Assim, as chances de conclusão do curso aumentarão e o direito previsto na constituição permanecerá resguardado.