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Enviada em: 20/01/2019

Na década de 30, no século anterior, o antropólogo belga Levi-Strauss visitou o Brasil em busca de aldeias indígenas e contribuiu fortemente com o conhecimento sobre a concepção da identidade destes povos, que se difere radicalmente das sociedades tradicionais ocidentais, o que justifica as necessidades especiais no relacionamento do Governo do Brasil com os nativo-brasileiros. Após longos conflitos, somente na Constituição de 1988, assegurou-se plenos direitos para essa população, como um sistema de educação adaptado. Entretanto, o país não conseguiu atender a demanda indígena de maneira satisfatória, especialmente pela dificuldade de formação do corpo educacional, condições de acesso e até mesmo o desconhecimento das particularidades de cada povo.        Primeiramente, para transmissão do conhecimento, é necessário de professores capacitados, isto é, que saibam a língua nativa e cultura local. Com escassos investimentos na formação de discentes, não há profissionais para cumprir este papel. O governo, então, passou a oferecer vagas em universidades públicas, para formação de índios em diversas áreas e que possam ensinar seus conterrâneos, mas poucos têm essa oportunidade. A dificuldade com a língua portuguesa, recursos financeiros e uma educação formal anterior apropriada, acabam por minar com o meta de criação de comunidades auto-suficientes, com médicos, dentistas, advogados e professores que trabalhem em suas tribos de origem.        Além disso, os povoados, de maneira geral, se localizam em áreas remotas, com dificuldade de acesso, e nem todos seus cidadãos ali residem mais, já que a pressão de socialização é enorme, em especial pelo fato de suas terras serem visadas pelo agronegócio, fato que ocasiona uma expulsão e, por conseguinte, um êxodo de parte deles para as cidades, e escolas urbanas, as quais não tem ferramentas para adaptação de crianças indígenas na comunidade . Cerceados pela violência crescente e sem recursos, são desencorajados a receber educação dentro de suas terras.       Assim, diante da crítica situação, a intervenção social é urgente, para que o patrimônio cultural, exaltado por antropólogos do mundo inteiro, como Levi-Strauss, não seja dizimado. Assim como o programa Luz Para Todos universalizou o acesso a luz no território brasileiro, fazer o mesmo com o acesso à internet pode provocar uma revolução no ensino em territórios indigenas. Com um investimento inicial bancado por subsídios do governo e alfabetização miníma, é possível digitalizar o conhecimento. Por exemplo, o Ministério da Educação poderia ampliar a oferta de vagas em ensino a distância para formar professores ou mesmo a criação de uma plataformas de ensino virtual voltadas a este público. Garantir a educação de nosso povo nativo é mais que uma questão de direito e justiça. É oferecer direito a preservação de suas memórias, identidades e indução do pensamento crítico.