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Enviada em: 07/03/2019

Anísio Teixeira, grande educador brasileiro, promoveu, no século passado, a educação pública, universal e de qualidade no Brasil. Hodiernamente, apesar das melhoras da qualidade de ensino no país, o acesso à educação ainda é um desafio para as populações indígenas brasileiras, seja pelo despreparo escolar, especialmente nos centros urbanos, para atender as necessidades desse público, seja pela restrição do quadro de vagas destinadas aos indígenas nas universidades do país, o que potencializa a exclusão social e o preconceito contra esse segmento na sociedade.        Diante disso, é indubitável que a escassez de educadores que lecionem os elementos culturais dos povos indígenas nas escolas brasileiras esteja entre as causas dessa problemática. Segundo Marcos Bagno, linguista brasileiro, a valorização cultural combate os preconceitos na sociedade. Seguindo esse linha de pensamento, a falta de professores com conhecimento dos costumes e línguas indígenas - integrantes da sociedade brasileira - nas instituições de ensino - em especial nos centros urbanos - dificulta o aprendizado dos discentes oriundos de tais culturas e limita o diálogo sobre a importância desse segmento populacional para a identidade da nação. Com reflexo disso, há manutenção dos preconceitos contra esses povos e restrição da educação intercultural a qual têm direito os alunos indígenas no país.        Outrossim, o reduzido número de vagas para esse parcela social nas universidades brasileiras agrava tal quadro. De acordo com Aristóteles, em sua obra "Ética à Nicômaco", a política deve ser usada de modo a garantir o equilíbrio no corpo social. No entanto, observa-se que, no Brasil, tal ideal não é devidamente praticado pelas instituições de nível superior de ensino, haja vista que, a despeito das Políticas de Ações Afirmativas que deveriam garantir o acesso à educação pelas comunidades mas vulneráveis, o quantitativo de vagas destinadas aos indígenas nas universidades está aquém das necessidades desses povos, o que vilipendia seus direitos e contribui para sua exclusão.        Dessa forma, urge que o Estado brasileiro tome medidas diligentes que mitiguem os desafios da educação para as populações indígenas no país. Destarte, o Ministério da Educação, junto à Fundação Nacional do Índio, deve promover a formação de profissionais especializados nos costumes e línguas indígenas por meio de cursos preparatórios ofertados aos professores em plataformas digitais, telecursos e oficinas, a fim de ampliar o quadro de educadores que levem esses conhecimentos para sala de aula, possibilitando uma educação intercultural aos indígenas e reduzindo o preconceito contra esses. Por fim, as universidades devem ampliar seu acesso para tais povos por meio da aberturas de novas vagas. Assim, poderar-se-á alcançar uma educação universal pela qual lutara Anísio.