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Enviada em: 23/05/2019

O português, ao chegar ao Brasil em um dia de chuva, vestiu o índio. Que pena! Se fosse uma manhã de sol, o índio teria despido o português. O trecho parafraseado do escritor modernista Oswald de Andrade, ilustra a imposição cultural dos europeus na época da colonização brasileira - Século XVI - que exerce influência até os dias de hoje, sobretudo na pedagogia. Nesse sentido, há um enorme desafio em dedicar uma educação voltada aos nativos, tendo em vista o descaso das autoridades ao negligenciarem esse tema e não investirem de maneira eficaz nessa área. Sob tais perspectivas, é imperioso que se analise fatores socio-educacionais para melhor compreensão acerca desse embate.       Primeiramente, sabe-se que pouco se discute a respeito da educação indígena. Tanto nas escolas, quanto nas universidades, pouco se é falado sobre o assunto e, dessa forma, essa minoria cai no esquecimento da sociedade em geral. Assim, é evidente que os investimento em conhecimento e cultura já são precários no Brasil e para os índios, sem a cobrança da população, as taxas de aplicação do capital são ainda menores. Dessa maneira, com o descaso dos governantes nesse setor, o indígena se vê obrigado a se deslocar de sua comunidade para os grandes centros em busca de qualificação, e com esse ato, pode haver a perda da identidade cultural desse povo, que já é subvalorizada no país.         Ademais, poucos são os profissionais aptos a lecionarem em uma comunidade nativa, tendo em vista o desconhecimento sobre os diversos dialetos desse povo. Dessa forma, essas línguas são tratadas com descaso, sendo esse um ato inconstitucional, pois é assegurada a prática e uso do dialeto de origem na formação acadêmica aborígine. Além disso, valorizar o português em detrimento do idioma de cada tribo também pode ser visto como imposição cultural, sabendo que o número de brasileiros que sabem se expressar dessa forma é reduzido. Sob esse prisma, o índice de analfabetismo entre indígenas é três vezes maior que a média nacional, segundo o jornal Estadão, o que comprova a omissão do Governo em garantir recursos educacionais aos nativos.         Portanto, pode-se perceber os grandes desafios a serem superados para afirmar a educação indígena no Brasil, como os poucos recursos oferecidos pelo Estado, a desvalorização cultural desse povo e também o reduzido números de profissionais capazes de educar de acordo com o costume nativo. Sob esse aspecto, é imprescindível que o Ministério da Educação e Cultura invista na formação dos nativos ao incentivar, por meio de bolsas, a qualificação de professores voltada para o índio, financiando estudos e estadia nas tribos, a fim de que haja interesse e qualidade no ensino a esses povos. Não obstante, as escolas e universidades devem organizar palestras que abordem a realidade indígena e enfatizem a cultura desses, com o intuito de engajar alunos e sociedade sobre essa causa.