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Enviada em: 18/06/2019

A Última Batalha            C.S. Lewis, apologista contemporâneo, aborda em sua obra ''As Crônicas de Nárnia'' a figura dos narnianos, povos considerados bárbaros pela estrutura dominante em sua própria nação, destituídos dos privilégios da mesma. Nesse sentido, em analogia, tem-se a questão indígena no Brasil, em que o legado segregador, excludente e explorador de um passado ''incivilizado'' refletem na não efetivação de investimentos e infraestrutura da educação disponibilizada a essa minoria, o que sem medidas políticas continuará a se perpetuar. Portanto, tem-se o desafio de ''Abrir às cortinas'' para a equidade educacional, específica e intercultural que garantam os direitos do índio na sociedade brasileira.          É válido considerar, antes de tudo, a questão do reconhecimento da diversidade do autóctone. Nessa perspectiva, segundo o Censo 2010 da IBGE, existem 305 etnias e 275 línguas indígenas, o que revela diferentes culturas, línguas, tradições e especificidades locais que colidem com o universalismo e uniformização no setor de ensino nacional instalado e tornam a assistência às necessidades desse grupo diminutas, haja vista o baixo desenvolvimento da aprendizagem, massificação dos costumes e a desculturalização estereotipada. Assim, tem-se a necessidade de uma educação multicultural voltada para cada tribo específico de maneira autodeterminada e bilíngue que pesquise, registre e sistematize saberes que dialoguem com as populações aborígenes, bem como a elaboração do material didático.           Outrossim, a baixa formação do corpo docente ainda se apresenta como abismo estrutural que catalisa o problema. Dessa forma, a contratação de professores apresenta um impasse pela baixa abertura de concursos para a docência na educação básica, a qual não acompanhou o número de licenciados e proporcionou o ímpeto da informalidade, insegurança no trabalho, má remuneração e sem direitos trabalhistas, o que sem medidas políticas, comporá mais uma das ferramentas do teatro do retrocesso na educação indígena, fato já mencionado pelo sertanista Villas: ''O índio só sobrevive dentro de sua própria cultura''. Logo, faz-se necessária a remodelação de oportunidades de trabalho.          Em síntese, fica evidente que a conjectura autóctone é singular, não hegemônica e heterogênea. Desse modo, o MEC deve criar editais em abertura para concursos públicos na inserção de professores, elaborar órgãos para voluntários que desejam alfabetizar e/ou aprender a língua de determinada tribo; organizar expedições de imersão na cultura e saberes indígenas; coletar matéria educativa coerente com a cultura indígena com objetivo de que o alcance de índios na aprendizagem seja maior e a historicidade e os costumes sejam conservados e ampliados. Assim, será possível travar a ''Última batalha'',a qual Lewis retrata em seu livro, em que os narnianos são reinseridos na sociedade.