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Enviada em: 05/11/2017

A Constituição Cidadã de 1988 foi a primeira da nação a tratar sobre a educação de surdos. Diante disso, é inadmissível que o ensino da Língua Brasileira de Sinais não seja obrigatório em todas as instituições de ensino do país. Ademais, além de escolas e professores despreparados para instruir não só aos discentes especiais como aos não portadores de deficiências a respeitar os outros e aprender libras, ainda há o preconceito enraizado que impede ou dificulta a entrada no mercado de trabalho ou a simples compreensão de um "bom dia". Logo, medidas de estímulo à inclusão social são necessárias.       A problemática pode ser solucionada instruindo desde os primeiros anos de vida. Sobre essa afirmação, John Locke, o criador da teoria da tábula rasa, já afirmava: o ser humano é uma folha em branca que pode ser preenchida com conhecimento e experiências ao passar do tempo. Dessa forma, é possível formar adultos com consciência sobre as diferenças de outrem e bilíngues na língua de sinais caso sejam orientados sobre isso desde a infância. Afinal, para o filósofo Immanuel Kant, "o ser humano é aquilo que a educação faz dele". Todavia, o fato vergonhoso de o Brasil ser o único do mundo a não ensinar a segunda língua oficial (libras) nas unidades educativas do território nacional apenas aumenta a exclusão social dos deficientes auriculares. Destarte, escolas inclusivas são essenciais, visto que, infelizmente, tal carência não é restrita aos colégios.       Ela influencia, também, na carreira profissional e nas pequenas discriminações vivenciadas todos os dias pelos surdos. Por exemplo, apesar de o artigo 27 da CF/88 assistir a esses portadores de necessidades especiais quando prescreve "É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegura (...), colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência ou discriminação", a realidade não é essa. Na verdade, eles enfrentam demasiada dificuldade em seres compreendidos em razão de o carteiro sequer saber o alfabeto na língua de sinais. Ou mesmo quando são impossibilitados de disputar uma emprego na empresa dos sonhos, pois ela não oferta vagas reservadas a deficientes auditivos. Tais exemplos ratificam a imprescindibilidade de mudar esse quadro.       Urge, portanto, a necessidade do MEC criar portarias e investir recursos na capacitação de profissionais de educação especial para instruir os estudantes sobre noções básicas de libras, assim como aumentar o número de colégios oferecendo tal serviço. Ademais, uma parceria entre esse ministério e o Instituto Nacional da Educação (Ines) no intuito de lançar ampla campanha nas mídias e redes sociais e incentivar as escolas e universidades a promoverem debates e palestras a respeito da importância da inclusão social e educativa dos deficientes auriculares é necessária. Por fim, como já constatou Gilberto Freyre: sem um fim social, o saber é uma mera futilidade.