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Enviada em: 05/11/2017

Personagem renomado dos quadrinhos, o herói Demolidor combate o crime enfrentando, ao mesmo tempo, o desafio imposto pela cegueira. Fora do mundo fictício, entretanto, a surdez apresenta-se como empecilho para a formação de muitos cidadãos. A falta de incentivo da sociedade para com os surdos, em consonância com a lacuna deixada pelo Estado nas áreas da educação formal especial e das atividades culturais inclusivas, porém, intensificam as barreiras enfrentadas por esse grupo de portadores de necessidades especiais.       O fato de a primeira escola para surdos, no Brasil, ter surgido em 1857, cria uma expectativa de, em 2017, cento e sessenta anos depois, haver ampla assertividade e inclusão por parte da sociedade em relação aos portadores de surdez. A realidade, em contraponto, mostra que os surdos são, infelizmente, alvo de preconceito e descrédito, o que desrespeita a Constituição Brasileira e pode ajudar a explicar a queda, nos últimos anos, no número de matrículas de surdos na educação comum e especial.       Outrossim, há uma infinidade de práticas culturais e esportivas com plena capacidade de possibilitar efetiva integração dos surdos, como o xadrez e o futebol. Há, ainda, todo o universo digital à disposição de tal público. Todavia, é bastante raro encontrar espaços que deixem o indivíduo confortável e demonstrem um ambiente aconchegante ao cotidiano do portador de surdez.       Urge, portanto, que o Estado, em associação ao Ministério da Cultura, promova eventos culturais e esportivos protagonizados pelo público surdo, de modo que a ação, desta forma, financie sua própria realização, à medida que o valor arrecadado com os ingressos cubra o custo. Não obstante, cabe às associações televisivas e órgãos de marketing incluir um maior número de atores surdos em suas iniciativas, buscando ampliar a representatividade e o respeito relacionados a esse grupo plenamente capaz e extremamente prejudicado por uma carga histórica de discriminação. Como dito pelo filósofo Jürgen Habermas, "a sociedade é dependente da crítica às suas próprias tradições".