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Enviada em: 06/11/2017

Desinteresse. Privação. Voz. Já é conhecida, no mundo acadêmico, a tese do filósofo Henri Lefebvre sobre a vitalidade de que todos possuam seus direitos plenos para um funcionamento harmônico da sociedade. Todavia, a formação educacional de surdo, no Brasil, revela-se precária devido ao descompromisso do sistema político-econômico regedor do país, privando esse grupo de uma cidadania digna. Sendo de extrema importância, pois, a adoção de um conjunto de medidas para reverter tal arquétipo social.      Primeiramente, uma barreira para a educação de qualidade aos surdos reside na fraca representatividade política dessa camada. O Canadá, acatando os ideais de Lefebvre, instituiu cotas para cargos públicos destinadas às múltiplas minorias de sua nação. Por conseguinte, esse destacou-se no ranking de políticas sociais para integração e igualdade segundo a Organização das Nações Unidas. No Brasil, contudo, há uma frágil voz política desses grupos na esfera pública, estando cada vez mais distante o sonho de uma formação igualitária àqueles com deficiência auditiva. Percebe-se, assim, a influência do sistema político na privação aos surdos de seus direitos educacionais presentes na Constituição "Cidadã" de 1988.            Outro fator intensificador de tal problemática estabelece-se, mormente, na contradição da gestão econômica brasileira. Segundo David Harvey, geógrafo da universidade de Cambrigde, as cidades atuais são planejadas para receber investimentos e não para oferecer uma qualidade de vida aos seus cidadãos. Pode-se notar a materialização dessa ideia quando se observa estádios, centros econômicos, prédios empresariais e shopping centers recebendo capitais enquanto escolas deixam de funcionar graças à falta de verbas públicas. A consequência de tal realidade assiste no impedimento dos estudantes, principalmente dos surdos por necessitarem de uma infraestrutura mais elaborada, de usufruirem de um processo de ensino digno. Os indivíduos com deficiência auditiva são progressivamente, dessa forma, privados de seus direitos constitucionais e de uma cidadania justa.           O sistema político-econômico brasileiro revela-se, destarte, como um obstáculo à plena formação educacional dos surdos. Para mitigar tal quadro, o Poder Legislativo poderia promover concursos anuais de escala nacional com um sistema de cotas de 30% para possuidores de deficiência auditiva. Tais concursos seriam anunciados nas mídias televisivas e em redes sociais juntos a comunicados em linguagem de sinais. Assim, esse grupo possuirá uma representatividade política ampla e poderá desenvolver projetos educacionais integradores como livros em braille e aulas com comunicadores de linguagem de sinais. A tese de Henri Lefebvre seria adotada e a sociedade tornaria-se mais igualitária.