Materiais:
Enviada em: 06/11/2017

Zygmunt Bauman, em sua obra "Amor Líquido" defende que ter amor ao próximo é saber respeitar, cada um, com suas singularidades. No entanto, o Brasil - por ser um país em desenvolvimento - ainda apresenta dificuldades para a inclusão de todos, com suas devidas particularidades. Assim, surge a problemática da formação educacional dos surdos, os quais enfrentam dilemas históricos e sociais.           As dificuldades do acesso ao ensino por pessoas surdas é uma questão diacrônica. Nas comunidades indígenas, crianças com deficiência, como a surdez, não tinham nem direito à vida. No mundo medieval e parte do moderno, elas não possuíam a permissão de ir à escola. Conforme Pierre Bourdieu, esse tipo de atitude relaciona-se ao conceito de violência simbólica, a qual  valoriza a cultura e as características dos que dominam sobre os dominados. Portanto, essas visões segregacionistas tornaram tardia a institucionalização da educação para surdos (1857) e da Língua Brasileira de Sinais (2002). Isso, então, fez com que a entrada deles nas instituições de ensino e no mercado de trabalho se fizesse dificultada.               Ademais, em razão da falta de estrutura e de qualidade do ensino especializado para essas minorias nas escolas, o ensino básico torna-se menos acessível. Segundo dados do Inep, as matrículas de surdos na educação básica e especial sofreu uma queda, passando de uma média de 30 a 25 mil, em 2012, para 25 a 20 mil, em 2016. Assim, percebe-se como a falta do estudo da Libras nos cursos de licenciatura influencia na formação de profissionais qualificados para o ensino de pessoas com problemas auditivos. Além disso, a carência de tecnologias, nas escolas públicas brasileiras, que auxiliem no ensino, também colaboram para o índice de evasão escolar de surdos.              Nessa perspectiva, nota-se a necessidade da construção de uma melhor forma de acesso ao ensino para os surdos. Assim, cabe ao Ministério da Educação incluir, como componente obrigatória, nos curso de licenciatura, o estudo da Libras, objetivando facilitar o ensino nas escolas. Além disso, o Governo Federal, junto ao investimento privado, deve aumentar o uso de tecnologias que auxiliem na aprendizagem, por meio da implantação de computadores com aulas em vídeo com tradução em Libras. Talvez, assim, as singularidades de cada um sejam respeitadas.