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Enviada em: 06/11/2017

Desde os primórdios das civilizações, o ser humano já demonstrava aversão àqueles que possuem alguma deficiência, tendo seu ápice nos regimes fascistas, nos quais qualquer suspeita de divergência do padrão tornava o indivíduo passível de eliminação. No Brasil, foi apenas com D. Pedro II que o país iniciou a adoção de medidas para a inclusão desses, em específico os surdos, com a criação de uma escola especial. Contudo, na conjuntura hodierna, pessoas acometidas por essa doença ainda enfrentam desafios.    A fim de elucidar os impasses educacionais à que os deficientes auditivos são submetidos e o papel do Estado, faz-se necessária uma análise à luz do pensamento de Michel Foucault. Segundo o filósofo, a criação de saberes leva à aquisição de poderes, os quais, por sua vez, encontram-se disseminados em todas as relações humanas. Assim sendo, a alfabetização e a leitura de diversas obras permitem a obtenção de melhores condições de vida e o fortalecimento do pensamento crítico. Em contrapartida, o Estado não fornece estrutura adequada ao desenvolvimento intelectual dos surdos, como professores com conhecimento da linguagem de libras, intérpretes e o ensinamento de libras para todos.    Por conseguinte, o governo brasileiro, ao alijar os deficientes auditivos de dois direitos constitucionais: o de isonomia e acesso à educação, revela-se conivente com os percalços advindos de sua falha. Ademais, tal ineficiência restringe a autonomia, os poderes que seriam conquistados pelos surdos, levando-os à alienação. Dessa maneira, o mercado de trabalho comporta-se de maneira hostil a eles, que ainda precisam enfrentar o determinismo biológico de seus empregadores, os quais os consideram inferiores. Fica evidente, pois, que os deficiente auditivos não são tratados de maneira igual aos demais cidadão e o Estado pouco faz para reverter essa situação.    Em suma, os deficientes auditivos passam por diversas intempéries no setor educacional, o que se reflete nos demais âmbitos de suas vidas. Portanto, é imprescindível que o Governo Federal conceda verbas maiores ao setor educacional, visando a transcender a surdez como imbróglio à educação desses cidadãos. A partir daí, será  possível a criação de novas escolas especiais e a ampliação das bibliotecas com obras adaptadas. Outrossim, seria interessante a concessão de incentivos fiscais às empresas que possuírem surdos em seu quadro de funcionários.