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Enviada em: 06/11/2017

Em um contexto geral, os deficientes físicos persistem excluídos do sistema educacional e do mercado de trabalho brasileiro: segundo dados do Datafolha, dos cerca de 12 milhões de deficientes físicos do Brasil, por volta de apenas 800 mil concluíram o ensino médio e pouco menos de 350 mil estão empregados. Dentro desse amplo espectro, a problemática em relação aos surdos e sua exclusão do sistema educacional se apresenta mais no âmbito da comunicação do que da acessibilidade e é uma questão a ser superada pela sociedade e pelo Estado brasileiro em prol da garantia da cidadania e equidade estabelecida pela Constituição de 1988 a esse grupo social.       Mormente, é necessário ressaltar as dificuldades e as necessidades da Escola, enquanto Instituição social, nessa questão. Segundo o sociólogo Paulo Freire, para ser emancipadora ao indivíduo, a educação deve ser maleável, se adequando a cada contexto e grupo social, seja ele qual for. Entretanto, isso não se reflete na realidade hodierna do Brasil, haja vista que os educadores, em especial os professores, não estão plenamente preparados para lidar com os surdos, já que muitos não dominam a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Dessa forma, além de dificultar a transmissão de conhecimentos de disciplinas escolares, o despreparo dos professores nesse quesito impede uma boa intermediação social entre surdos e seus colegas, o que gera uma exclusão social que pode desencadear evasão escolar.       Por outro lado, é importante notar a exclusão explícita e a inconsciente da sociedade e do Estado.  Até pouco tempo atrás, discutia-se se surdos, assim como outros deficientes, deveriam ter escolas próprias, especiais, o que além de segregacionista, é inviável em grande escala, tendo em vista a ineficiência macroestrutural do sistema público de ensino brasileiro, por exemplo. Ademais, aos poucos surdos que conseguem se graduar no ensino básico, ou até superior, existem novamente barreiras comunicativas no mercado de trabalho, principalmente em empregos que exigem relação interpessoal direta. Essa exclusão pode ser vista também no fato de os surdos conseguirem absorver conteúdos televisivos mais pela tecnologia das legendas escritas do que pela dublagem em Libras, raros nos canais de televisão, reflexo de um descaso por parte dessa mídia.       Urge, portanto, a necessidade superar de superar essa barreira comunicativa a fim de promover a cidadania e a inclusão do surdo no sistema educacional. Para isso, o Ministério da Educação deve tornar obrigatório no currículo de cursos superiores como pedagogia e licenciaturas em geral o ensino de Libras para professores. Outrossim, Libras também deve ser incluída no currículo escolar do ensino fundamental, ao menos em nível básico, a fim de diminuir a exclusão do surdo no ambiente escolar.