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Enviada em: 07/11/2017

Em sua obra Modernidade Líquida, Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, atribui às relações sociais, políticas e econômicas, da contemporaneidade, a mesma plasticidade dos líquidos. Desse modo, a falta de solidez em políticas públicas que visem à educação acadêmica e cultural das pessoas surdas tem se tornado um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil. Nesse sentido, é válido discutir as causas e efeitos da problemática em questão.  Em uma primeira análise, é válido destacar que a questão está intimamente ligada a fatores socioculturais. Isso porque o Brasil do século XXI pouco progrediu em relação ao governo imperial do século XIX, onde, tardiamente, fora inaugurada a primeira escola de surdos. Esse cenário é ainda intensificado, hoje, pela falta de investimentos do Estado em ambientes, material e profissionais voltados ao ensino e integração desse segmento da população. Prova disso é que no ano de 2016, segundo o INEP, pouco mais de 5 mil pessoas com deficiência auditiva estavam matriculados em classes ou escolas exclusivas destinadas à sua educação básica. Como consequência direta dessa defasagem está à impossibilidade dos surdos penetrarem o mercado de trabalho e ascenderem economicamente.  Além disso, pode-se perceber, por parte dos surdos, a dificuldade de acesso a produção artística e cultural. Ambientes como cinema, teatro e museus, geralmente, não contam com pessoas capacitadas a interagir com esse público, o que leva os deficientes auditivos a uma alienação forçada e ao isolamento social. Desse modo, comprova-se a assertiva do filósofo Immanuel Kant de que “o homem é aquilo que a educação faz dele.”  Para a retração desse cenário é necessário, portanto, o combate à liquidez nas políticas pública anteriormente abordada. Sendo assim, é preciso que Ministério da Educação e o Ministério da Cultura atuem em conjunto, aquele destinando os investimentos necessários a escolas e profissionais educadores, a fim de ampliar o acesso de educação aos surdos e este investindo em produção artística voltada aos deficientes auditivos, para que haja democratização no acesso a cultura. Somente assim, será possível reconhecer a importância da educação como fez Kant.