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Enviada em: 06/11/2017

Surdez... De quem?       Não é novidade que a educação, no Brasil, ainda está longe de atingir patamares de excelência. O assunto torna-se ainda mais preocupante quando se trata da educação de pessoas especiais. Dados do INEP revelam que as matrículas de surdos na educação básica vem decaindo de forma constante desde 2012, tanto em classes comuns, quanto em classes especiais. A falta de investimento do poder público em escolas especiais de ensino básico, bem como a falta de divulgação da importância da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), são desafios a serem dirimidos na educação dos surdos no Brasil.         Escolas especiais para surdos em cada estado da federação não deveria ser exceção, mas regra. Os deficientes auditivos precisam de um ambiente escolar que os acolha e entenda perfeitamente as suas necessidades, municiado de todos os mecanismo e ferramentas específicas que possibilitem o seu total desenvolvimento cognitivo e educacional. Por outro lado, é correto afirmar que inserir a criança deficiente auditiva em classes comuns contribui para sua inclusão social, todavia, dispor de estrutura, pessoal, didática e materiais específicos para elas é ainda mais determinante para seu desenvolvimento educacional.        Ademais, desde 2002, a LIBRAS, por meio da Lei nº 10.436, é a segunda língua oficial do país, entretanto, a importância conferida a ela não parece ter saído do papel. Como garantir as mesmas oportunidades de educação aos surdos se a linguagem com a qual se comunicam é amplamente negligenciada? Como exemplo dessa indiferença, existe a iniciativa do órgão de comunicação “You Tube”, que recentemente lançou um canal exclusivo para vídeos educacionais, o “EDU”. Apesar de ser uma iniciativa louvável, é difícil encontrar vídeos que sejam acompanhados com a LIBRAS. Esse é apenas um exemplo de como os conteúdos educativos, no Brasil, estão alheios aos surdos e à sua forma mais efetiva de comunicação. Os desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil não são tácitos ou de difícil detecção, é preciso apenas que nossos ouvidos não estejam surdos a eles.        Cabe, portanto, ao Governo Federal criar programas e destinar verbas para a construção e funcionamento de escolas especiais para surdos em cada estado da federação. Outrossim, cabe ao poder público, em parceria com empresas privadas, criarem mecanismos para propagar a LIBRAS e garantir o seu uso nos diversos meios de comunicação educativos que existem, como o canal “EDU”. Dessa forma, os brasileiros deficientes auditivos terão aumentadas as suas possibilidades de desenvolvimento educacional, e os ouvidos da sociedade, finalmente, não estarão surdos a eles.