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Enviada em: 06/11/2017

Desde os primórdios da humanidade, os deficientes auditivos têm sido vítima de escárnio e exclusão social. Na Idade Média, por exemplo, os surdos eram utilizados em circos como forma de entretenimento por meio da exposição de suas dificuldades ao público. Analogamente, esse cenário pode ser metaforicamente traduzido para a contemporaneidade na medida que, ainda hoje, esses indivíduos são discriminados e, em muitos casos, ficam à margem de seus direitos civis, como a formação educacional. Desse modo, nota-se que a presença dessa situação no cotidiano brasileiro deve-se ao preconceito com essa classe de pessoas e a falta de investimentos governamentais em acessibilidade para o setor educacional. Ao se analisar o contexto histórico mundial, constata-se que o denominado Darwinismo Social – conduta segregacionista entre nichos da comunidade que visa inferiorizar uma cultura, raça ou classe em benefício de outra – sempre fez-se presente na construção das relações humanas. Contudo, esse comportamento é substancialmente nocivo aos grupos reprimidos, que têm sua cidadania ameaça e suas oportunidades cerceadas. A partir disso, pode-se inferir que, apesar de legalmente garantidas, as possibilidades de ingresso dos surdos no sistema educacional são extremamente limitadas pela associação equivocada entre deficiência e ineficiência feita por grande parte da população e dos representantes políticos. Ademais, a escassa disponibilidade de verba para investimentos na acessibilidade aplicada à educação também corrobora para o agravamento dessa questão. Em 2016, em razão do processo de reestruturação econômica do país, o governo brasileiro realizou preocupantes cortes no orçamento do setor de ensino público. Essas medidas, além de prejudiciais à qualidade do aprendizado nas escolas, inviabilizaram a compra de equipamentos necessários para o garantimento do devido suporte aos deficientes auditivos e a contratação de profissionais especializados para lecionar conteúdos em Libras, tornando-se, pois, um desafio relacionado à inclusão social no Brasil.  Diante dessa conjuntura, os obstáculos que entravam o ingresso dos surdos no âmbito educacional ficam explícitos. Portanto, medidas devem ser aplicadas para mitigar o problema. Desse modo, cabe à mídia, em parceria com os colégios, incitar debates acerca do tema por meio da criação de projetos e campanhas que incorporem o senso de igualdade e respeito à diversidade no cidadão brasileiro desde sua formação e, assim, acabar com o preconceito que rege a maioria da população. Outrossim, concerne ao Poder Executivo a concretização de parcerias público-privadas em prol do acesso dessas pessoas à educação. Sendo assim, o Brasil conseguirá vencer esse problema e, então, o cenário medieval de discriminação será apenas parte de um contexto histórico não correlato com a modernidade.