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Enviada em: 18/07/2018

É inquestionável que a inclusão da terceira idade no mundo digital é cercada de desafios na atualidade. De acordo  com dados disponibilizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), há, aproximadamente, 30 milhões de idosos no Brasil e grande parte desses, por não estarem acostumados com a realidade de explosão tecnológica em que vivemos, não estão inseridos nesse contexto. Diante disso, pessoas com muita idade encontram-se privadas do acesso a esse mundo virtual, resultando, por conseguinte, na intensificação da desigualdade social no país e, também, na estigmatização da imagem do idoso como um indivíduo ultrapassado.       No governo de Getúlio Vargas, na metade do século passado, o Brasil deixou de ser um país fundamentalmente agroexportador para ser mais industrializado e urbanizado, investindo, assim, profundamente, no desenvolvimento tecnológico nacional. Essa realidade perdura até os dias de hoje, o que justifica o cenário extremamente digital com que relações e informações são transmitidas atualmente. No entanto, pessoas da terceira idade, por terem crescido em uma realidade diferente da que vivemos, não têm uma afinidade com esses novos meios de comunicação e, por isso, sua inserção nesse campo cibernético não tem ocorrido efetivamente. Destarte, tem-se, paulatinamente, uma marginalização desses idosos em âmbito nacional, na medida em que esses não podem lograr acesso a essa nova plataforma comunicacional, reforçando, por conseguinte, a desigualdade social no país.       Como se isso não bastasse, essa exclusão digital também fomenta, significativamente, a manutenção de preconceitos direcionados à terceira idade brasileira. Segundo as pesquisadoras Andrea Thomaz e Célia Caldas, jovens dessa geração contemporânea enxergam os idosos como "seres de outro mundo", reflexo claro do contexto de marginalização social e informacional que acomete considerável parcela dos 30 milhões de pessoas de idade em território nacional. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de medidas político-administrativas direcionadas para a resolução desse problema.       Logo, faz-se necessário que o Governo Federal, em conjunto com o MCTIC, busque inserir indivíduos longevos no campo digital, por meio da criação e disponibilização de cursos gratuitos que abordam a tecnologia em geral com uma linguagem bastante acessível a todos os idosos que não estão familiarizados com termos normalmente empregados nesse contexto cibernético. Dessa maneira, a inclusão digital da terceira idade iria ocorrer de uma forma mais efetiva no Brasil, fazendo com que tenhamos, por conseguinte, uma sociedade menos segregadora e mais democrática.