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Enviada em: 17/07/2018

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, em sua obra "Em busca da política", nenhum país que esquece a arte de questionar poderá encontrar respostas pra os problemas que o afligem. Nessa perspectiva, tornam-se passíveis de discussão os impasses enfrentados pela sociedade brasileira no que tange à inclusão digital da terceira idade. Logo, poder público e coletividade devem se perguntar acerca do seu papel no enfrentamento dessa demanda social.         Deve-se pontuar, de início, que a falta de investimento do poder público visando ofertar educação digital aos idosos contribui para a exclusão deles no meio informática. Um bom exemplo disso é que nos Centros de Referência e Assistência Social, os CRAS, voltados para a socialização dos idosos, há investimento em cursos,como musicalização e dança, no entanto, não são destinados recursos para ensinar os indivíduos da terceira idade a se conectar com o mundo digital. Diante disso, a ausência de investimentos para incluir o idoso no universo digital desrespeita a Declaração Universal dos Direitos Humanos- da qual o Brasil é signatário desde 1948- em relação ao direito a educação, visto que o acesso a educação digital não é democratizado a essa parcela significativa da população.         Ainda convém lembrar que a negligência familiar no que se refere ao ensino da informática a terceira idade favorece a a permanência desses cidadãos nas margens da tecnologia. Prova disso é que, segundo dados do IBGE, mais de 80% dos idosos são analfabetos digitais. Isso se deve, em grande medida, a falta de envolvimento dos familiares para engajar o sexagenário no meio digital, dado que, movidos pelo afã do dia a dia, os parentes não dedicam uma parte do seu tempo para ensinar o idoso sobre como usar a tecnologia.         Urge, portanto, que as prefeituras municipais, responsáveis pela manutenção do CRAS, com aporte financeiro da União, devem promover nesses centros, através de profissionais especializados no assunto, cursos de informática para a terceira idade, com o intuito de ensiná-los a usar computadores, tablets e smartphones e, assim, incluí-los na dinâmica social e assegurar seus direitos. Ademais, as emissoras de televisão aberta no Brasil devem, com propósitos educativos bem definidos, inserir nas tramas e enredos de suas novelas e minisséries a importância da família na inclusão digital da terceira idade, aproveitando-se do fato de que todos os segmentos sociais se informam melhor e discutem a temática social pautada por tais produções. Deste modo, observada a ação conjunta entre instituições públicas e sociedade civil, se dará o enfrentamento necessário para superar esses desafios.