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Enviada em: 27/08/2018

“Em que espelho ficou perdida a minha face?”. A célebre citação do poema “Retrato”, de Cecília Meireles, relata a angústia do envelhecimento e do sentimento de incapacidade dos idosos diante do mundo. Nesse sentido, este grupo tem sido excluído da vida social e tecnológica do mundo globalizado. No entanto, o envelhecer não deve ser um processo de exclusão e sim o momento de abertura a novos aprendizados. Sob esse viés, cabe à sociedade e ao governo federal buscarem mecanismos para prover a inclusão social dos idosos no país.          Em primeiro plano, é válido salientar que, nas sociedades históricas, os idosos eram vistos como objeto de veneração. Ao longo do tempo, da exaltação e respeito passou-se à exclusão e ao preconceito, o qual se caracteriza como uma das primeiras barreiras para a inclusão digital. A princípio, o próprio meio social, seja a família ou o público em geral, julga a “melhor idade” como uma classe desvalorizada, a qual não necessita de empenho social e muito menos do contato com o mundo tecnológico. Desse modo, os próprios atores dessa classe julgam-se incapazes de ingressarem nos mecanismos tecnológicos como forma de integração social.          Não bastasse isso, elencam-se ainda a falta de profissionais capacitados e o descaso familiar na orientação aos idosos, fatores resultantes da ausência metodologias de ensino específicas. Ao contornar esse entrave, certamente muitas experiências de vida poderão ser compartilhadas por esses guerreiros do tempo. Assim como no conto: “O burrinho pedrês”, de Guimarães Rosa, o qual mostra a força de um velho burrinho, que sobreviveu a uma correnteza, devido a sua grande experiência. Desse modo, o conhecimento de vida e a interação digital dos idosos podem contribuir tanto para a troca de informações no mundo cibernético, como também para a redução de doenças mentais decorrentes da solidão dessa fase da vida.          Diante do abordado, deve a sociedade quebrar o preconceito a partir da conscientização social. Para isso, cabe ao Ministério da Educação inserir nas escolas palestras acerca da valorização do idoso e dos mecanismos necessários para a sua qualidade de vida no mundo globalizado, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes. Outrossim, cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social, a promoção de cursos de capacitação com profissionais qualificados para ensinar os idosos acerca da utilização das tecnologias, possibilitando uma maior integração social dessa classe. Aliando todo esse elenco, o Brasil poder-se-á ver livre do preconceito para com os idosos, os quais poderão interagir e navegar permeando os diversos horizontes globais.