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Enviada em: 16/10/2018

Jean Paul Sartre, filósofo e crítico contemporâneo, diz que o ser humano deve ser inventado a cada dia. Seguindo essa linha de raciocínio, infelizmente, as pessoas da terceira idade ainda enfrentam algumas dificuldades para se reinventarem conforme as necessidades dos tempos hodiernos. Isso porque ainda há alguns desafios a serem superados por esses indivíduos para se inserirem no mundo digital, os quais, muitas vezes, têm que lidar com a incompreensão dos mais novos e enfrentarem uma preconceituosa mentalidade social que se tem sobre o assunto.       Em primeiro plano, convém mencionar que as pessoas vivem tempos de "modernidade líquida". O conceito proposto pelo filósofo Zigmunt Bauman faz menção ao imediatismo das informações, o que dificulta a reflexão acerca de dados recebidos e acostuma o ser a utilizar apenas o conhecimento prévio. Assim, o indivíduo, quando se vê diante de outras realidades incomuns, como ainda é vista a participação de idosos na era digital, terá dificuldades em compreendê-las e acetá-las como algo que deva ser incentivado, uma vez que seu conhecimento se baseou em apenas uma esfera de vivência, o que contribui para o desenvolvimento de uma população longeva desenformada e desatualizada.                   Outrossim, vale ressaltar que existe uma preconceituosa mentalidade social acerca do assunto que edifica outro cenário desafiador. Em defesa dessa assertiva, estima-se que em 2050, 25% da população mundial tenha mais de sessenta anos. Todavia, apenas 6% dessa parcela terá alguma formação na área digital, como cursos que ensinem a manusear e mexer em aparelhos eletrônicos. A Organização Das Nações Unidas, órgão responsável por essas pesquisas, afirmou que o principal motivo do infortúnio é o paradigma de que apenas os mais novos podem fazer parte da era digital, o que, no entanto, fere o princípio de isonomia do ser, segundo o qual todos são iguais perante a lei e, dessa forma, possuem os mesmos direitos e deveres.        Fica evidente, portanto, que caminhos precisam ser tomados para a inclusão da terceira idade no mundo digital. Destarte, a sociedade, com seu caráter socializante e abarcativo, precisa fomentar a participação das pessoas mais velhas no campo da tecnologia, de modo a sanar qualquer tipo de ato preconceituoso que inviabilize ou diminua a pessoa idosa como aprendiz, a fim de que as dificuldades impostas pela falta de compreensão dos mais novos possam ser minoradas. Ademais, é necessário que o Estado, vinculado à mídia televisiva, promova cursos presenciais para pessoas acima de sessenta anos e os divulgue em propagandas televisivas, com o fito de romper com o pensamento de que apenas jovens e adolescentes podem fazer parte dessa nova era informacional. Decerto, assim, seja possível reinventar o idoso de forma a adequá-lo as necessidades digitais do mundo atual.