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Enviada em: 25/10/2018

A amplitude das transformações a que está sujeita a sociedade contemporânea é indubitavelmente exponencial. Dentre essas mudanças, a exclusão digital decorrente da desvalorização do idoso no século XXI representa um dos principais desafios a serem superados pela sociedade brasileira, visto que, por conta disso, essa crescente parcela da população não encontra condições de sentir-se parte do organismo social, sintetizando assim, um processo procedente da exclusão que terá como consequência seu próprio agravamento.     Sob esse viés, pode-se relacionar, de maneira análoga, a negligência brasileira perante os idosos com as teses sociológicas de Sérgio Buarque de Hollanda quanto à gênese do "Estado Patrimonialista". Isso se dá pela nítida valorização de interesses privados em detrimento dos públicos, uma vez que essas pessoas não compõem a "população economicamente ativa" nacional e muitos se abstém do exercício de seus direitos políticos.     Desse modo, é nítido que sintetizou-se uma cultura que enxerga o idoso como um inútil, tanto na esfera pública quanto na privada. Na primeira, pela inviabilização de relações clientelistas que reafirmem o poder da instituição, enquanto na segunda, por sua improdutividade econômica e dependência financeira. Consequentemente, os esforços externos para a integração dos idosos tangem à inexistência, visto que a preponderância desse elemento cultural impede os cidadãos de sentirem-se conectados e parte de um todo.     Infere-se, portanto, que os principais desafios enfrentados pelos idosos no que circunscreve à inclusão digital no século XXI procedem da síntese de uma cultura que os negligencia e desvaloriza. Por isso, cabe ao ministério da cultura, em parceria com a mídia, criar e disseminar, por meio de jornais e da televisão, campanhas destinadas aos idosos que os ensinem e estimulem sua integração social às exigências das novidades tecnológicas, a fim de diminuir a heterogeneidade entre as gerações e possibilitar um maior contato e aprendizado mútuo. Por meio disso, possibilitar-se-á que seja desfrutada, realmente, da "melhor idade".