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Enviada em: 30/10/2018

Na obra pré-modernista "Triste fim de Policarpo Quaresma", o personagem principal idealiza uma imagem extremamente positiva do Brasil, que, na opinião dele, necessita somente de pequenos ajustes para se tornar uma nação desenvolvida. Entretanto, fora da ficção, não há dúvidas de que o país enfrenta obstáculos, dentre eles os desafios para incluir os idosos no mundo digital, o qual ocorre devido não só ao individualismo das pessoas, mas também à negligência governamental.    Em primeiro plano, percebe-se que o comportamento individualista vigente na sociedade contemporânea contribui para acentuar o impasse. De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, o fato social consiste em maneiras de pensar e agir que exercem poder de coerção sobre o indivíduo. De maneira análoga, o pensamento egoísta de muitas pessoas pode se encaixar na teoria desse pensador, haja vista que um cidadão inserido em um âmbito social reprodutor desse comportamento tende a dotá-lo, também, em seu cotidiano. Dessa forma, os indivíduos, ao apresentarem falta de vontade e paciência para ensinar aos idosos sobre a utilização tecnológica, acabam segregando esses seres humanos do mundo digital.      Além disso, a negligência do Governo constitui um sério desafio para incluir a terceira idade na esfera digital. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política existe para garantir a felicidade das pessoas e alcançar o equilíbrio na sociedade. No entanto, a falta de políticas públicas voltadas para a inclusão dos idosos no mundo tecnológico viola esse direito, haja vista que o artigo 21 do Estatuto do Idoso afirma que o Poder Público deve criar cursos especiais para integrar essas pessoas na vida moderna, mas, na prática, os projetos de inclusão digital são voltados, majoritariamente, para os jovens, vistos como promotores do desenvolvimento futuro. Dessa maneira, é inaceitável que, em um país signatário dos Direitos Humanos, o estado não garanta aos indivíduos com mais idade seus direitos, excluindo, socialmente, essas pessoas da modernidade.     Portanto, incluir a terceira idade no mundo digital representa um sério desafio para o país. Posto isso, é substancial que a escola promova aulas menos conteudistas e mais tangíveis à realidade dos estudantes, por meio de debates e palestras com psicólogos e pedagogos, abordando de forma eficiente e didática a importância de respeitar os idosos e ter empatia com essas pessoas, respeitando suas limitações. Espera-se, com isso, construir uma sociedade mais justa e menos individualista, em que esses futuros cidadãos e governantes estejam preocupados não apenas com o desenvolvimento do país, mas, principalmente, com o respeito pelas diferenças existentes no ambiente social. Assim, observada a ação das instituições de ensino, alçará o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.