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Enviada em: 30/10/2018

Catálise social          Em seus estudos, o sociólogo alemão Max Weber defende que o processo de entendimento da realidade social seria possível por meio da interpretação das ações dos indivíduos. Sob essa ótica, os desafios para a inclusão digital de idosos no Brasil exigem uma discussão mais ampla, haja vista que a problemática permanece intimamente relacionada à conjuntura social do país, fruto da inoperância estatal e da falta de atenção familiar.             Em primeiro plano, é indiscutível que a negligência governamental constitui um desafio a ser superado. Nesse sentido, conforme destaca o artigo 3º do Estatuto do Idoso, é assegurado o direito à vida, à saúde e à inserção tecnológica. Todavia, é indubitável que, hodiernamente, a carência de políticas públicas voltadas para o acesso à tecnologia pelo idoso e a crescente desvalorização social de tal público deturpam tal premissa constitucional. Sendo assim, diante do mundo globalizado atual, é incoerente pensar que a inclusão digital se mostra tão destoante no Brasil, visto que, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil ocupa a 72º posição do ranking que avalia a inclusão digital.             Outrossim, cabe ressaltar que o individualismo social e familiar colabora para a permanência do impasse. Nessa perspectiva, conforme destaca o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em sua obra "Modernidade líquida", as relações sociais, na pós-modernidade, são baseadas pela superficialidade e pelo imediatismo. Sendo assim, é notório que membros da família e a sociedade dedicam cada vez menos tempo em tentar incluir e integrar a terceira idade no contexto tecnológico, fato que colabora não só para aumentar a exclusão digital de tal grupo, como também desmotiva o idoso a tentar se adaptar ao ambiente virtual.             É imprescindível, destarte, que a inclusão digital dos idosos seja uma realidade no Brasil. Para tanto, é imperativo que o Governo Federal direcione capital que, por intermédio do Ministério da Educação, será revertido na criação de políticas públicas mais eficazes para integrar o idoso ao ambiente virtual, por meio de parcerias público-privadas com empresas de informáticas, a fim de oferecer aulas práticas gratuitas para a terceira idade e, por consequência, ampliar a participação de tal grupo no uso de tecnologias. Ademais, a família deve dedicar uma parcela de tempo maior para o acompanhamento e a inserção tecnológica do idoso para, assim, facilitar e motivar a adaptação desse grupo ao ambiente virtual. Assim, o Estado e a família poderão atuar como catalisadores sociais, contribuindo para acelerar o processo descrito por Weber, de entendimento e combate à problemática.