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Enviada em: 02/11/2018

Ao refugiar-se no Brasil em meados do século XX, o escritor austríaco Stefan Zweig, fascinado pelo potencial da nação, escreveu um livro ufanista cujo título é até hoje repetido: "Brasil, país do futuro". No entanto, quando se observa o baixo fomento a inclusão digital da terceira idade no Brasil, hodiernamente, verifica-se que essa profecia é constatada na teoria e não desejavelmente na prática. Nesse sentido, torna-se evidente o menoscabo governamental e o pensamento individualista dos brasileiros, bem como a necessidade de uma ação conjunta do governo com o corpo social para solucionar essa inercial problemática.    Mormente, é indubitável que a questão constitucional e sua ineficiência impulsionam o impasse. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um "corpo biólogico" de modo que para que esse organismo seja coeso e igualitário, é necessário que os cidadãos sejam incluídos em todos os âmbitos, como o da informação. Entretanto, esse ideal durkheimiano ainda não é firmado, haja vista que muitos idosos não são inseridos ao ambiente virtual, por causa da falta de profissionais que possam auxiliar os longevos a utilizar a rede, além disso, são escassos os cursos públicos de tecnologia para a terceira idade. Dessa forma, a ineficácia da inclusão digital facilita o estado de anomia, consoante Durkheim, um risco à saúde mental e ao convívio social de tal público.   Ademais, o individualismo das pessoas é um agente ativo que corrobora o problema. Isso pode ser justificado pelo conceito de "modernidade líquida", de Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas, a fim de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por não se importar em auxiliar, ou ensinar, os mais velhos à utilizarem a internet, promovendo, assim, a exclusão digital da terceira idade. Por consequência disso, o número de idosos desconectados tende a ser alto, segundo dados do G1, cerca de 68% da população idosa não possui o domínio básico do meio digital.    Urge, portanto, que instituições e indivíduos cooperem para garantir a inclusão digital da terceira idade. Destarte, o Ministério das Comunicações deve criar cursos gratuitos de informática básica e comandos simples em eletrônicos para idosos, com o auxilio de profissionais capacitados, para tornar acessível sua inclusão virtual e social. Outrossim, a mídia televisiva, em parceria com o Ministério das Comunicações, deve veicular propagandas educativas com meios de instruir os idosos sobre o uso da internet, assim como sensibilizar a população a ajudar a vencer os desafios dessa integração, a fim de que mais longevos possam estar conectados. Assim, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade.