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Enviada em: 02/11/2018

Apartheid Digital     Durante a Grécia Antiga, os anciões eram vistos como símbolo de sabedoria e recebiam o respeito e a admiração de toda a comunidade a qual pertenciam. No entanto, no que tange a questão da inclusão digital dos idosos no Brasil, percebe-se que esses indivíduos são frequentemente negligenciados, seja por insuficiências governamentais, seja pelo processo de aprendizagem. Nessa perspectiva, esses desafios devem ser superados de imediato para que uma sociedade integrada seja alcançada.     É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme destaca o artigo 3 do Estatuto do Idoso, é assegurado o direito à vida, à saúde e à inserção tecnológica. Contudo, percebe-se hodiernamente, que a prática de tal lei está deixando a desejar. As dificuldades que a população de terceira idade enfrenta para o acesso aos meios digitais e a crescente desvalorização social desse público causam impactos negativos na esfera global, tornando o convívio em sociedade dessas pessoas mais difíceis. Sendo assim, é incoerente pensar que a inclusão digital se mostra tão destoante no Brasil, visto que, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil ocupa a 72º posição do ranking que avalia a inclusão digital.     Outrossim, o sociólogo polonês Zygmund Bauman defende, em sua obra "Modernidade Líquida", que o individualismo é uma das principais características - e o maior conflito - da pós-modernidade e, consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar as diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, porque por serem pessoas mais velhas e com limitações físicas e psicológicas, inúmeras famílias dedicam cada vez menos tempo em tentar incluir e integrar os idosos no contexto tecnológico, fato que colabora não só para aumentar a exclusão digital de tal grupo, como também os desmotiva a tentar se adaptar ao ambiente virtual.       Destarte, é imprescindível que a inclusão digital dos idosos seja uma realidade no Brasil. Portanto, é imperativo que o Governo Federal direcione capital que, por intermédio do Ministério da Educação, será revertido na criação de políticas públicas mais eficazes para integrar o idoso ao ambiente virtual, por meio de parcerias público-privadas com empresas de informáticas, a fim de oferecer aulas práticas gratuitas para a terceira idade e, por consequência, ampliar a participação de tal grupo no uso de tecnologias. Ademais, a família deve dedicar uma parcela de tempo maior para o acompanhamento e a inserção tecnológica do idoso para, assim, facilitar e motivar a adaptação desse grupo ao ambiente virtual. Assim, o Estado e a família poderão atuar como catalisadores sociais e o individualismo proposto por Bauman será erradicado, de forma a assegurar uma sociedade igualitária para todos.