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Enviada em: 30/09/2019

A animação norte-americana “Rick and Morty” relata as aventuras do cientista Rick Sanchez, o qual encontra-se na terceira idade e consegue usar, de forma positiva e talentosa, inúmeros aparelhos digitais para explorar situações fantasiosas. Fora da ficção, esse cenário de inclusão tecnológica entre idosos enfrenta obstáculos no cotidiano brasileiro e tornou-se um sério problema social, visto que – seja pela ineficiência estatal, ora pelo individualismo popular – impede o estímulo intelectual e compromete a participação coletiva desses indivíduos.        A princípio, cabe analisar o papel ineficiente do governo sob a visão do sociólogo britânico Thomas Marshall. Segundo o autor, os direitos civis, políticos e sociais devem ser oferecidos aos cidadãos para que ocorra a construção da cidadania. Analogamente, o atual poder público contrapõe esse pensamento ao promover poucas políticas coletivas de educação digital na terceira idade, as quais, frequentemente, fornecem atividades limitadas com os aparelhos tecnológicos e não conseguem garantir a formação cidadã dessas pessoas no meio informacional. Por consequência, muitos idosos, na falta de estímulos à memória, como afirma a Organização Mundial da Saúde, tendem a apresentar efeitos negativos, como o atraso mental e esquecimentos repentinos.     Ademais, além da ineficiência estatal, o individualismo da população também corrobora na problemática e convém ser contestado sob a perspectiva do filósofo alemão Hans Jonas. Segundo o autor, o homem deve preocupar-se com os efeitos coletivos de suas ações e não apenas em consequências individuais. Dessa forma, boa parte dos cidadãos mais jovens contradizem essa ideologia em momentos que objetivam instruir os idosos a usar equipamentos modernos – como em situações que exigem explicações lentas e pausadas, muitos familiares perdem a paciência e negligenciam o desejo de aprendizagem dos mais velhos. Logo, observa-se a formação de traumas entre a população idosa acerca do ambiente tecnológico, o que atrapalha a participação dessas pessoas no âmbito social.      Diante disso, torna-se evidente que medidas devem ser tomadas. Para isso, o Ministério da Educação, por meio de parcerias com as universidades, deve ampliar programas que visam a instrução tecnológica da terceira idade, de modo a realizar aulas gratuitas, aos fins de semana, em que estudantes de Ciências da Computação possam auxiliar os idosos a usarem aparelhos modernos. Dessa forma, será possível estimular atividades mentais e garantir a inclusão digital dessa faixa etária. Além disso, o governo, por meio de campanhas midiáticas, deve divulgar nas redes sociais o papel relevante dos familiares na orientação tecnológica dos mais velhos, a fim de inibir instruções negligentes e assegurar que tais indivíduos consigam se aventurar no ambiente digitalizado, assim como o personagem Rick Sanchez.